Lula avisou a auxiliares que não pretende deflagrar uma reforma ministerial ou trocar seus articuladores políticos após derrota sofrida no Congresso

Lula avisou a auxiliares que não pretende deflagrar uma reforma ministerial ou trocar seus articuladores políticos após derrota sofrida no Congresso


Uma ampla reforma ministerial só deverá ser realizada após as eleições municipais, em outubro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertou seus auxiliares que não pretende desencadear uma reforma ministerial ou trocar seus coordenadores políticos após a derrota sofrida na última terça-feira (28), no Congresso Nacional. A palavra de ordem é apenas acertar os relógios com o time atual.

Ao fazer um balanço da goleada da oposição, que derrubou o veto de Lula à “libertação de presos”, parlamentares da base defenderam, no Palácio do Planalto, um freio à gestão de peso na articulação com a Câmara dos Deputados e o Senado, para facilitar a aprovação de assuntos caros ao governo.

Apesar da reclamação geral e da cobrança por novos desenvolvimentos, os interlocutores de Lula afirmam que uma ampla reforma ministerial só será realizada após as eleições municipais, quando o presidente vir o desenho político definido pelas urnas. A articulação deve ser condizente com a sucessão no PT. A atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann, encerrará o mandato em 2025 e caminha para assumir um ministério. O favorito de Lula para liderar o partido a partir do ano que vem é o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva.

Segundo a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo, uma ala significativa do PT atribuiu a responsabilidade pela vitória da oposição na última terça-feira ao líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Mas o próprio partido do presidente Lula votou pela derrubada do veto de Lula à “libertação” de presos. Enquanto isso, o Legislativo manteve o veto do então presidente Jair Bolsonaro à Lei de Segurança Nacional, evitando a criminalização de notícias falsas durante a campanha eleitoral.

Nos bastidores, aliados não petistas reciclaram a denúncia de que Lula confiava apenas ao PT seus ministérios palacianos. Os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também são filiados ao partido. À frente da liderança no Congresso, Randolfe deixou a Rede Sustentabilidade e está sem partido, mas já anunciou que pretende voltar às fileiras do PT.

Em meio à “ressaca” das derrotas no Congresso, pessoas próximas a ele enfatizaram ao presidente que o Congresso voltou a demonstrar sua resistência à agenda aduaneira, e “cartuchos” de articulação política não deveriam ser aplicados nesta área. O Palácio do Planalto, porém, entende que o cerne da agenda econômica está blindado, principalmente na reforma tributária, que tem papel compartilhado com o Congresso.

Segundo um ministro, Lula já sabia que seria derrotado no veto das “saidinhas”, mas sentiu que era importante se posicionar e evitar as críticas da esquerda que o isentavam do debate sobre segurança pública.