Lojistas vão a Brasília questionar impacto das empresas de apostas

Lojistas vão a Brasília questionar impacto das empresas de apostas


Para o presidente da Abras, o avanço das “apostas” impacta toda a sociedade, principalmente as famílias mais pobres. (Foto: EBC)

Lojistas brasileiros devem ir a Brasília para tratar diretamente de regras mais rígidas envolvendo a lei das apostas esportivas online, válidas após 2025, devido a um possível efeito no consumo das empresas do setor, disse, nesta quinta-feira (29), o comando do Supermercado Brasileiro Associação (Abras), maior entidade supermercadista do país.

A intenção é que, pela urgência do tema, o assunto avance junto aos políticos da mesma forma que avançou a polêmica em torno do crescimento dos mercados asiáticos, quando foi publicado um decreto com regras de atuação mais claras, disse fonte familiarizada com o tópico.

Entre os associados da Abras e do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), principal instituto do varejo, foi levantada a hipótese de criação de possíveis limitações ao uso de cartões de crédito e à liberação de empréstimos consignados (em holerites) destinados ao pagamento de dívidas. com jogos. Isso poderia ser feito por meio de portarias a serem publicadas sobre o tema, mas exigiria negociação com os bancos, o que torna o debate mais complexo.

Em pesquisas internas, as redes identificaram que os funcionários estavam conseguindo empréstimos consignados, em parte, para jogar jogos online e pagar dívidas. Empresários do IDV já se reuniram com o vice-presidente Geraldo Alckmin para discutir esse assunto, disse o presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, esta semana.

Segundo Márcio Milan, vice-presidente da Abras, a Frente de Comércio e Serviços (FCS), por meio do deputado federal Domingos Sávio (PL-MG), já está ciente do tema, e uma parte prioritária deste debate é discuti-lo com interlocutores do governo formas de “agilizar” o texto da lei de apostas.

“O avanço das ‘apostas’ impacta toda a sociedade, principalmente as famílias mais pobres. Estamos apoiando a PEC que define mais restrições à publicidade de apostas, e orientando as empresas do setor a adotarem uma política rigorosa na seleção de agências de marketing e influenciadores, para serem mais responsáveis ​​com essa questão”, disse.

“Escolheremos agências e influenciadores que valorizem a responsabilidade social e que não incentivem o jogo de forma irresponsável.” Segundo Milan, simplesmente informar, no final da campanha publicitária, que os consumidores jogam com responsabilidade não é suficiente. “Apenas dizer isso é difícil para quem espera ganho fácil”, disse ele.

Para os interlocutores das empresas de apostas, já existe um trabalho de comunicação a ser feito de forma transparente, de forma a reforçar que se trata de entretenimento para os jogadores. E esse aspecto já está sendo explorado com ainda mais clareza nas campanhas das marcas nas últimas semanas.

Além disso, acreditam que não existe uma relação direta comprovada entre o jogo e os efeitos no consumo, disse um porta-voz próximo da associação de apostas desportivas.

“Mais vulneráveis”

Segundo decreto de julho, as empresas de apostas terão que identificar, qualificar e classificar o risco dos apostadores e reportar operações suspeitas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão que combate a lavagem de dinheiro.

Para a associação, há preocupação em apostar por causa dos “mais vulneráveis”. Cerca de 30% dos apostadores são das classes C, D e E, o maior percentual entre as classes sociais, segundo o Instituto Locomotiva.

Milan também falou sobre o efeito nas vendas. Ele disse que, devido à queda da inflação de alguns alimentos, “era esperado um consumo maior” em julho. No entanto, afirma que é necessário aguardar os próximos meses para ver se esta situação se repete, porque ainda não existe uma “avaliação eficaz” de que as apostas sejam a causa, apesar dos sinais nesse sentido dentro das empresas. As informações são do Valor Econômico.