Ladrões roubam carro em São Paulo e desaparecem com material radioativo

Ladrões roubam carro em São Paulo e desaparecem com material radioativo


Um balde azul foi encontrado aberto e com tampa em um terreno na Zona Leste de São Paulo. (Foto: Reprodução)

Um dos cinco galões de material radioativo que estavam dentro de uma caminhonete e foram roubados do veículo no último domingo (30) na Zona Leste de São Paulo foi encontrado aberto na tarde desta sexta-feira (5) pela polícia.

Ele desmontava veículos roubados no Jardim Marilu, na mesma região da capital paulista. A tampa do galão estava próxima, no mesmo terreno. A informação foi confirmada pela delegacia que investiga o roubo do produto e do carro.

Até a noite de sexta-feira, o 49º Distrito Policial (DP), de São Mateus, também na Zona Leste, continuava em busca dos outros quatro galões de material radioativo. O veículo ainda não foi localizado. Nenhum suspeito do crime foi identificado ou detido.

Além da Polícia Civil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que fica em Brasília, acompanha as investigações. O órgão foi informado do crime pela Medical Armazenagem Logística e Disdições Ltda, com unidade em São Paulo e outra em Cajamar, na região metropolitana.

A Medical é a empresa responsável pelo transporte do produto, que foi recolhido no Rio de Janeiro, chegou em São Paulo e seguiria para Curitiba, no Paraná, e Blumenau, em Santa Catarina. Seus sócios confirmaram que o roubo de seu veículo com material radioativo ocorreu por erro operacional do motorista. Em vez de levar o carro com o produto para uma das unidades da empresa antes de seguir para o sul, ele decidiu deixá-lo na frente de sua residência, onde foi roubado.

O que diz a CNEN

A Comissão Nacional de Energia Nuclear divulgou nesta quinta-feira (4) nota em seu site oficial para informar que o gerador de Germânio/Gálio que estava nos galões apresenta “risco radiológico baixíssimo para a população e o meio ambiente”. Segundo a CNEN, só há risco no manuseio inadequado e na retirada do chumbo que protege o produto. O que seria improvável para quem não trabalha com esse tipo de material radioativo.

Ainda segundo a CNEN, todos os cinco galões possuíam geradores (seja Tecnécio molibdênio 99 ou Germânio 68/Galio 68). Quatro desses galões continham material radioativo, mas estavam inoperantes porque já haviam sido utilizados. Um desses galões continha material com produto radioativo com Ge 68/Ga 68 ativo.

“Esclarecemos que o material radioativo roubado do veículo está contido em embalagens de chumbo que o protegem e evitam qualquer radiação no meio ambiente. Porém, o manuseio inadequado pode causar danos à saúde”, informa a Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear, o material radioativo roubado “continha um gerador de 68Ge/68Ga e 4 unidades de blindagem de gerador de 99Mo/99mTc esgotadas”.

A CNEN informou ainda que “De acordo com o Código de Conduta sobre Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), esta fonte, devido à sua baixa atividade, enquadra-se na categoria 4, representando um risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente. ambiente.”

Sinalização

O gálio, que está nas peças roubadas, é um metal utilizado na medicina nuclear, que trabalha com materiais radioativos. É utilizado em geradores para realização de exames.

“Por esse motivo, alertamos a população que, caso encontre material radioativo, mantenha distância segura e entre imediatamente em contato com a CNEN pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também com a Polícia”, continua o comunicado da a agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

“No momento do furto, o veículo e o material radioativo estavam marcados com o símbolo internacional de radiação ionizante”, finaliza a nota da CNEN.

Segundo apurou a CNEN por meio de sua assessoria de imprensa, cinco pacotes foram roubados. Este número também está incluído no relato do caso.

Equipes do Corpo de Bombeiros foram ao local trajando roupas especiais. Eles usaram aparelhos que detectaram baixa intensidade de radiação no local onde foram encontrados o recipiente e a tampa. Técnicos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) devem ir ao local para fazer medições mais detalhadas.