SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Justiça negou o pedido da defesa de Daiane dos Santos, presa por cortar o pênis do marido com uma navalha em Atibaia, no interior de São Paulo, para que a cozinheira fosse libertada. O crime ocorreu em dezembro de 2023.
Os juízes analisaram o pedido de habeas corpus anteriormente negado pela Corte. Além do relator Jayme Walmer de Freitas, o julgamento virtual, ocorrido nesta quinta-feira (15), contou com outros desembargadores da 3ª Câmara de Direito Penal e analisou uma decisão liminar (de caráter provisório) que negou a liberdade à mulher.
A defesa de Daiane entrou com pedido de liberdade, mas a 1ª Vara Criminal da Comarca de Atibaia negou. O pedido foi feito pela defensora Tássia Mafra depois de a mulher ter sido condenada, em maio deste ano, à pena de quatro anos, oito meses e 26 dias de prisão, em regime inicial fechado, por lesões corporais gravíssimas. Na altura, Mafra pediu que o cliente recorresse da sentença enquanto estava em liberdade ou pelo menos que a prisão preventiva (por tempo indeterminado) fosse substituída pela prisão domiciliária.
Para os juízes, o pedido anteriormente negado está correto. O relator afirmou que a libertação com medidas cautelares seria ineficaz para o preso. De Freitas escreveu que o crime revelou a periculosidade social de Daiane, justificando a necessidade da guarda da mulher para manutenção da ordem pública.
O relator rebateu o argumento da defesa sobre “falta de fundamentação” na decisão liminar. De Freitas destacou que, mesmo de forma sucinta, uma decisão é pactuada desde que atenda aos pressupostos legais, o que aconteceu neste caso. Acrescentou ainda que o crime foi “extremamente grave” e cometido num contexto doméstico.
DEFESA DIZ QUE ESTÁ ‘INCONFORMADA’ COM A DECISÃO
O defensor argumentou que o relator “alterou a realidade dos fatos constantes dos autos”. Na opinião de Mafra, os juízes alteraram a verdade para “sobrevalorizar o nível de periculosidade de Daiane” e citam vários argumentos com os quais a defesa não concorda.
“O relator ratificou a decisão do juiz de primeira instância e basicamente manteve a prisão de Daiane considerando a gravidade do crime, mesmo quando a própria vítima afirma que não oferece mais riscos”, disse Tássia Mafra, defensora de Daiane, ao UOL.
Mafra destacou que pretende entrar com pedido de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ela explicou que pretende utilizar os mesmos fundamentos que encaminhou ao TJSP, ressaltando que o Judiciário paulista “insiste na parcialidade e mantém Daiane presa apenas com base na gravidade do crime”.
LEMBRE-SE DO CASO
A mulher de 34 anos se entregou à polícia e confessou o crime em dezembro de 2023. Daiane disse que cortou o pênis do marido com uma navalha após descobrir que o homem traía sua sobrinha de 15 anos. Eles estavam casados há dois anos.
Mulher enviou mensagem “sedutora” ao marido antes da ação. No dia do crime, a esposa respondeu ao marido em um aplicativo de mensagens comentando que “queria usar lingerie” para o companheiro naquele dia, já preparando o momento para a falsa relação sexual, segundo reportagem de Gilberto à TV Thathi Campinas ( afiliada da Record TV).
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A cozinheira ainda tirou foto do órgão genital, jogou o membro no vaso sanitário e deu descarga. A ação ocorreu para que o marido não conseguisse reimplantar o órgão, disse o delegado Rodrigo Salas ao repórter. No boletim de ocorrência, obtido pela VTV (afiliada do SBT), a mulher afirmou já ter ouvido falar que seria possível reimplantar o órgão e, por isso, tomou a decisão de dar descarga.
Após o crime, a mulher foi até uma delegacia e denunciou o caso. “Boa noite, rapaz. Vim me apresentar porque acabei de cortar o pênis do meu marido”, disse a mulher à polícia na época.
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