Justiça decide que imigrantes alojados no aeroporto em Guarulhos não podem ser devolvidos aos países de origem compulsoriamente

Justiça decide que imigrantes alojados no aeroporto em Guarulhos não podem ser devolvidos aos países de origem compulsoriamente


As solicitações são destinadas a cidadãos de países africanos e asiáticos que estejam na área restrita do Aeroporto de Guarulhos. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

A Defensoria Pública da União obteve liminar da Justiça Federal em favor de 70 imigrantes que solicitaram refúgio no país e estavam prestes a ser devolvidos aos seus países pela Polícia Federal. Desde 26 de agosto, passageiros em trânsito para o Brasil sem visto não podem permanecer no país. Nova norma do Ministério da Justiça e Segurança Pública determina que passageiros sem documentação continuem viagem até o país de destino ou retornem ao local de origem.

Os pedidos, acatados parcialmente pelos desembargadores Fernando Mariath Rechia e Roberto Lima Campelo, são direcionados a cidadãos de países africanos e asiáticos que estão na área restrita do Aeroporto de Guarulhos.

Para Campelo, “o relatório que relata uma possível saída compulsória do Brasil, uma vez que os pacientes se encontram em situação de inadmissibilidade no Aeroporto Internacional de Guarulhos, permanece evidente como um patente periculum in mora, uma vez que, uma vez realizada a repatriação, o direito reivindicado será estar perdido. desaparecerá completamente (se ainda estiverem no país)”.

“Diante do exposto, para garantir a efetividade da futura decisão, CONCEDO EM PARTE A MEDIDA DE liminar para que a autoridade policial não proceda à remoção/repatriação compulsória dos pacientes, até nova manifestação do Tribunal, e deverão permanecer sob custódia da Polícia Federal na área de fiscalização e segurança aeroportuária”, afirmou o juiz em sua decisão.

Na liminar de 30 de agosto, Rechia reconheceu a alegação da DPU de que os referidos migrantes têm “a intenção de permanecer em território brasileiro e alegar riscos à sua integridade física e vida” caso sejam forçados a retornar aos seus locais de origem.

Desde a mudança de critério, no dia 26 de agosto, defensores públicos já estiveram quatro vezes no aeroporto e conversaram com imigrantes em busca de refúgio. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, todos afirmam querer refúgio no país.

Em nota divulgada ontem pela DPU, o defensor público federal, Leonardo Magalhães, destacou a importância de estabelecer fluxos de trabalho e atribuições para cada órgão envolvido na triagem e acolhimento. Ele afirmou que a defesa também se preocupa com a assistência material. “Essas pessoas muitas vezes passam um dia, dois dias, e algumas necessidades básicas, necessidades fisiológicas, precisam ser atendidas.”

Segundo a plataforma DataMigro, do Ministério da Justiça, 65 mil imigrantes foram cadastrados no país no primeiro semestre. Cerca de 40 mil eram venezuelanos. As informações são da Agência Brasil.