Junção de PP, Republicanos e União pode formar maior bancada da Câmara dos Deputados; PSDB pode ser incorporado pelo PSD

Junção de PP, Republicanos e União pode formar maior bancada da Câmara dos Deputados; PSDB pode ser incorporado pelo PSD


Se consolidado, o grupo será o maior da Câmara e do Senado, com 153 deputados e 17 senadores. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Três anos após a formação das primeiras federações, os partidos articularam uma reorganização neste modelo de alianças, já preparando o terreno para as eleições de 2026. No movimento com maior potencial para mudar o tabuleiro político, PP, Republicanos e União Brasil se organizam para fazer uma federação e aumentar o poder de barganha no Congresso e nas negociações para as eleições. Se consolidado, o grupo será o maior da Câmara e do Senado, com 153 deputados e 17 senadores.

Por outro lado, as federações que existem hoje não deveriam manter a mesma configuração. O PV cogita sair do bloco que faz parte do PT e do PCdoB, assim como o Cidadania deve desfazer o acordo com o PSDB, e a Rede com o PSOL.

O PSDB, com uma dimensão muito distante da época em que ocupou a Presidência e, mais tarde, foi o principal partido de oposição ao PT, cogita mesmo ser incorporado ao PSD, liderado por Gilberto Kassab, que herdou grande parte do Prefeituras de Tucana em São Paulo. e foi a sigla que mais conquistou comandos municipais nas eleições de 2024. O PSDB também avalia se formará uma nova federação com partidos como Solidariedade e Podemos.

Conversas em andamento

Kassab e o presidente do PSDB, Marconi Perillo, confirmam as conversas, mas dizem que há outras alternativas em análise.

“Estamos sendo abordados por vários partidos: PSD, MDB, União Brasil, Republicanos, Podemos, Solidariedade… E há diversas propostas, para ampliação da federação, fusão, incorporação ou para que o PSDB fique sozinho. A partir de fevereiro começaremos a conversar internamente sobre esse assunto com os governadores, bancadas e executivo para que em março possamos ter uma sinalização do que fazer”, disse Perillo.

Kassab afirmou que seu partido analisa alianças, primeiro com enfoque local:

“Qualquer modelo de aliança, federação, fusão ou incorporação com um partido que tenha quadros tão qualificados fortalece ambos os partidos. O PSD começará em breve a analisar, sob a coordenação das secretarias de estado, projetos locais para candidaturas próprias e possíveis alianças. Concluída esta etapa, poderemos analisar alternativas nacionais, no campo partidário e eleitoral.”

Há também negociações para uma federação entre PSDB, Podemos e Solidariedade, que teria 29 deputados, número pequeno, mas também suficiente para superar a cláusula de desempenho.

O presidente do PSDB reconheceu as dificuldades do Cidadania e citou as divergências nas eleições municipais com o partido. Um deles ocorreu no Rio, onde a federação formalmente, por decisão do PSDB, apoiou o candidato Marcelo Queiroz (PP), mas o Cidadania aderiu informalmente à aliança do prefeito Eduardo Paes (PSD).

O presidente do diretório estadual do PSDB de São Paulo, Paulo Serra, se reuniu com Kassab na última quinta-feira.

“As conversas começaram no final do ano passado. Ambos os partidos têm números nacionais para 2026, Eduardo Leite do PSDB, Ratinho Júnior do PSD. O importante é ter pessoal, temos pessoal em São Paulo também. Este diálogo caminha para uma possibilidade real de adesão dos partidos, independentemente da forma, que é outra fase a ser estudada”, disse Paulo Serra.

José Aníbal, presidente municipal do partido na capital, afirma que o partido discute cenários, mas há divisões. Um dos pontos que dificultam um acordo é o projeto presidencial dos Tucanos para 2026. O fato do PSDB insistir em apresentar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao cargo é visto como um obstáculo nas negociações com outros partidos , destaca Aníbal, porque outras siglas também têm seus nomes ou poderiam apoiar uma eventual reeleição de Lula. Hoje, o PSD tem três ministérios no governo petista, por exemplo. Aníbal também cita conversas em andamento com o MDB para uma possível fusão.

No caso dos partidos do Centrão, o principal obstáculo à aliança é o União Brasil, que ainda tem divisões internas e recentemente passou por atritos com a decisão dos Republicanos e do PP de patrocinar a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB). presidente da Câmara dos Deputados e vazia a de Elmar Nascimento (União-BA). Apesar disso, o União embarcou na aliança de Motta, e os apoiadores da federação acreditam que há chance de ela ser implementada em 2025.

Os principais interessados ​​são os presidentes da União, Antonio Rueda; do PP, o senador Ciro Nogueira (PI); e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Rueda também espera atrair quadros que atualmente não estão afiliados a nenhum dos três partidos se o acordo for concluído. Além de se juntarem deputados e senadores de outros partidos, espera-se a adesão de governadores.

Ainda assim, existem reveses ao longo do caminho e as disputas regionais dificultaram um acordo. O deputado Mendonça Filho (União), que tenta ser líder do partido na Câmara a partir do ano que vem, é um dos principais atores que atuam contra a federação. Se a aliança prosperar, Mendonça terá que dividir influência em Pernambuco com o deputado Eduardo da Fonte (PP) e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Republicanos.