Itamaraty quer explicações do governo do Rio de Janeiro sobre abordagem de PMs a adolescentes negros

Itamaraty quer explicações do governo do Rio de Janeiro sobre abordagem de PMs a adolescentes negros


O Itamaraty informou que acompanha o caso e busca apurar as circunstâncias do ocorrido, para tomar as medidas necessárias.

Foto: Reprodução

O Itamaraty informou que acompanha o caso e busca apurar as circunstâncias do ocorrido, para tomar as medidas necessárias. (Foto: Reprodução)

O Itamaraty recebeu os embaixadores do Gabão e de Burkina Faso em Brasília na manhã desta sexta-feira (5), para reunião que acompanhou a abordagem da Polícia Militar a adolescentes negros, filhos de diplomatas, no Rio de Janeiro.

O Itamaraty informou que acompanha o caso e busca apurar as circunstâncias do ocorrido, para tomar as medidas necessárias. No encontro, com os embaixadores, foi entregue nota com pedido formal de desculpas do lado brasileiro e o anúncio de que o Itamaraty tomará medidas contra o governo do estado do Rio de Janeiro, solicitando investigação rigorosa e responsabilização adequada dos policiais. envolvidos na abordagem.

A mesma nota com desculpas também será entregue em mãos ao embaixador canadense, que não compareceu ao encontro. Na quarta-feira (3), um grupo de adolescentes entrou em um prédio no bairro de Ipanema, Zona Sul do Rio, quando de repente uma viatura da Polícia Militar atravessou a rua e dois policiais desceram do carro, armados, para abordar o Jovens. . O grupo incluía adolescentes filhos de diplomatas e a maioria negra.

Nas imagens é possível ver o momento em que a polícia chega e aponta as armas para os meninos, que estavam na calçada. Os adolescentes tinham entre 13 e 14 anos. A denúncia foi publicada por Raiana Rondhon, mãe de um dos jovens. Segundo ela, os adolescentes voltavam para casa por volta das 19h, quando foram parados pela polícia sem qualquer interrogatório prévio. “Com uma arma apontada para a cabeça e sem entender nada, foram estupradas, obrigadas a tirar o casaco”, relatou.

Segundo Raiana, ao perceberem que os jovens eram estrangeiros e não tinham condições de responder às perguntas dos policiais, foram liberados com advertência para não andarem na rua, sob risco de serem abordados novamente. Ela também diz que a abordagem foi “racial” e “criminosa”.

A Polícia Civil investiga o caso. A investigação é realizada pela Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) e pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Em nota, a Secretaria de Estado da Polícia Militar disse que os policiais envolvidos na ação usavam câmeras corporais e as imagens serão analisadas para saber se houve excesso por parte dos agentes.

“Em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado da Polícia Militar inclui disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais na grade curricular como prioridade absoluta para os praças e oficiais que compõem o quadro de pessoal da Corporação”, completa a nota . .