RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O laboratório PCS Lab Saleme afirmou, em nota neste domingo (13/10), que os resultados preliminares de uma investigação interna indicam que erro humano levou ao infecção pelo vírus HIV de seis pessoas que receberam transplantes de órgãos no Estado do Rio de Janeiro.
“Os resultados preliminares da investigação interna apontam indícios de erro humano na transcrição dos resultados de dois testes de HIV, que resultaram na infecção de seis pessoas. A empresa, embora ainda não tenha sido notificada formalmente sobre o andamento do investigações – nem na esfera criminal, nem administrativa – estão à disposição das autoridades”, declarou.
O laboratório não informou quem cometeu o erro nem quando ocorreu, mas cita, na mesma nota, que a técnica de patologia clínica Jacqueline Iris Bacellar de Assis informou ter formação em biomedicina e que assinaria laudos.
A orientadora do laboratório enviou uma foto de um diploma de graduação em biomedicina de uma faculdade particular de São Paulo, que contém o nome de Jacqueline. Segundo a assessoria de imprensa, ela apresentou o documento no momento da contratação, que ocorreu em 2023.
O advogado José Félix, que representa o técnico, afirmou que o seu cliente desconhece o diploma. “Jaqueline nunca trabalhou como médica biomédica, não tem formação técnica e nunca se interessou pela função. Sempre trabalhou no laboratório como supervisora administrativa.” Sobre o documento, o advogado afirmou que a técnica “não reconhece o diploma”.
De acordo com resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os técnicos em patologia clínica podem exercer atividades relacionadas à coleta, processamento e análise de amostras biológicas, desde que sejam treinados e atuem sob supervisão de profissionais de nível superior.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Jaqueline afirmou que, apesar de ter qualificação para coletar e analisar exames, nunca trabalhou nessa área em laboratório, limitando-se a revisar erros de digitação e formatação.
No período em que o laboratório prestou serviços ao sistema estadual de saúde do Rio de Janeiro, realizou 286 exames para o sistema de transplantes. Após a divulgação da contaminação dos receptores, a Secretaria de Saúde do estado afirmou que iria testar novamente as amostras de sangue.
Segundo o laboratório, eles obtiveram acesso aos resultados preliminares dos retestes. “Das 286 amostras submetidas para novos testes no HemoRio, os primeiros 205 resultados divulgados foram negativos para HIV, confirmando os relatórios do PCS Lab.”
“O laboratório reafirma que dará todo o suporte necessário às vítimas assim que tiver acesso oficial à sua identidade. Durante todo o processo de transplante, a única informação que o PCS Lab recebe sobre os doadores é a amostra de sangue – identificada apenas pelo código – recolhidos pela equipa do CET e entregues no laboratório”, acrescentou.
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Entenda o caso
Seis pacientes da lista de transplantes da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados com o vírus HIV, resultando em resultados positivos para a doença. O caso foi considerado “inadmissível” pela Secretaria de Saúde do estado, sendo inédito.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, determinou uma auditoria no sistema de transplantes do Rio, conduzida pelo Denasus, e determinou a suspensão cautelar do laboratório responsável, PCS LAB Saleme, para apurar possíveis falhas nos exames realizados.
A testagem de doadores no Rio agora é feita exclusivamente pelo Hemorio. Foi criada uma comissão multidisciplinar para apoiar os pacientes e foram iniciadas medidas adicionais, como a reanálise de outros doadores, para prevenir novos casos.
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