Indiciado pela Polícia Federal, neto de ex-presidente do Regime Militar participa de encontro com bolsonaristas nos Estados Unidos

Indiciado pela Polícia Federal, neto de ex-presidente do Regime Militar participa de encontro com bolsonaristas nos Estados Unidos


Paulo Figueiredo (de óculos e lenço) posou para fotos ao lado de Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e Jorge Seif.

Foto: Reprodução

Paulo Figueiredo (de óculos e lenço) posou para fotos ao lado de Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e Jorge Seif. (Foto: Reprodução)

cPaulo Figueiredo, neto de João Figueiredo, último presidente do Regime Militar, reuniu-se com parlamentares de Bolsonaro que viajaram aos Estados Unidos para assistir à posse de Donald Trump.

Figueiredo é um dos indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe. Segundo a investigação, ele colaborou com os militares ao vazar documentos com o objetivo de pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe.

Segundo o relatório da PF, um dos motivos da escolha do influenciador para a função se deve ao fato de ele ter grande penetração no serviço militar, por ser seu neto.

Nos Estados Unidos, Figueiredo posou para fotos ao lado de Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e Jorge Seif. Além dele, o foragido Allan dos Santos também se reuniu com políticos brasileiros.

Aliás, segundo Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, “o neto do ex-ditador foi condenado em dezembro pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a pagar multa no valor de R$ 102 milhões por ‘operações fraudulentas’ relacionadas com o… Trump Hotel, projeto luxuoso que passou a ser administrado pela empresa LSH Barra, da qual foi presidente”.

Figueiredo se uniu a Trump em 2013 para trazer a marca hoteleira para o Brasil, mas a construção do empreendimento foi permeada pelas apurações da Operação Circus Maximus, em 2019, a respeito do pagamento de propina a diretores e ex-diretores do Banco de Brasília, BRB , em troca de investimentos no hotel.

A rolagem envolveu, segundo a PF, cerca de R$ 40 milhões pagos a representantes do BRB para que dinheiro de fundos de pensão e órgãos públicos, todos administrados pelo banco, pudesse ser aplicado em projetos sem análise técnica. Entre eles estava o Trump Hotel. O prejuízo foi estimado em R$ 400 milhões aos cofres públicos. Figueiredo foi alvo de mandado de prisão.

Aos dirigentes da CVM, a defesa de Figueiredo afirmou, antes do julgamento, que o processo contra ele continha nulidades. Entre elas, a falta de citação adequada para que pudesse se defender e também as declarações de um denunciante sem o devido direito de resposta. O argumento foi aceito. Recursos ainda poderão ser interpostos ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN).

A defesa de Paulo Figueiredo enviou nota informando que ele levantou “questão de ordem, pois seu cliente nunca foi citado regularmente” pela CVM para se defender no processo. O texto diz ainda que só “decorridos quase quatro anos, depois de levantada a nulidade, o relator (João Accioly) defende que encontraram a citação”. Essa citação, porém, segundo a defesa, seria “uma impressão da devolução do envelope de aviso de recebimento sem cumprimento”. Por fim, diz-se que “as nulidades serão provadas nos recursos cabíveis” e que Paulo Figueiredo “não teve o seu direito à defesa respeitado pelos juízes”.

(A informação é do jornal O Globo)