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A Editorial Sul
| 31 de outubro de 2024
Os dados aparecem em um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (Foto: Freepik)
A tributação média das faixas de renda mais altas no Brasil é de, no máximo, 14%, segundo relatório divulgado esta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o estudo, essa taxa é alcançada no grupo que recebe, em média, R$ 450 mil líquidos por ano (excluindo contribuições previdenciárias). A partir desse patamar, o imposto cobrado é menor: entre quem ganha em média mais de R$ 1 milhão por ano, é de 13,6%.
Para se ter uma ideia, a tributação sobre os 0,01% mais ricos da população, que ganham pelo menos R$ 8 milhões por ano, é semelhante à de um trabalhador assalariado que recebe R$ 6 mil por mês. As duas faixas de rendimento têm uma alíquota efetiva de imposto de aproximadamente 13%.
A nota técnica, assinada pelo pesquisador Sérgio Wulff Gobetti, tem como objetivo diagnosticar a regressividade da tributação de renda no país. Por outras palavras, como o sistema fiscal contribui para reforçar as desigualdades, em vez de as reduzir. A tributação sobre dividendos é uma das formas sugeridas para corrigir distorções, mas enfrenta resistência no Congresso e é criticada por outros especialistas.
O principal diferencial técnico do trabalho é considerar também na conta o imposto pago pelas empresas. Ou seja, inclui no cálculo a hipótese em que os sócios da empresa pagam do próprio bolso os tributos que incidem sobre as pessoas jurídicas. No limite máximo, a estimativa é que essa transferência de ônus seja de 100%.
Em cenários onde a transferência é menor, a regressividade é ainda maior. Considerando uma estimativa em que apenas o imposto pago pelas empresas do Simples Nacional impacta o orçamento do indivíduo, a alíquota efetiva média atinge, no máximo, 12,1% na faixa daqueles que ganham R$ 450 mil, antes de se enquadrarem nas faixas de renda mais altas.
A análise dos lucros das empresas e dos dividendos distribuídos aos acionistas foi incluída no trabalho por ser esta a principal fonte de renda dos estratos mais elevados. O percentual de renda de capital entre o 1% mais rico do Brasil é de 61%, segundo o estudo. Entre a população adulta média, esta percentagem é de 20%, uma vez que o rendimento salarial desempenha um papel mais importante.
Imposto de Renda
O texto do Ipea é divulgado no momento em que o governo estuda mudanças no Imposto de Renda, próximo passo da reforma tributária, após a conclusão da regulamentação dos impostos sobre o consumo.
No início do mês, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a tributação mínima para quem ganha mais de R$ 1 milhão é um dos cenários apresentados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para compensar a expansão da faixa de renda. Isenção de Imposto de Renda por R$ 5.000.
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Imposto médio sobre milionários no Brasil não passa de 14%
31/10/2024
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