Governo federal cobra explicações da Meta sobre mudanças na política de moderação de plataformas no Brasil

Governo federal cobra explicações da Meta sobre mudanças na política de moderação de plataformas no Brasil


Lula e ministros durante reunião no Palácio do Planalto sobre mudanças anunciadas pela Meta.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula e ministros durante reunião no Palácio do Planalto sobre mudanças anunciadas pela Meta. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O ministro Rui Costa, da Casa Civil, afirmou nesta sexta-feira (10) que o governo brasileiro notificou a Meta para ter explicações sobre mudanças, no Brasil, na política de moderação nas plataformas da empresa, como Instagram e Facebook.

Segundo Rui Costa, a Advocacia-Geral da União (AGU) fez um inquérito extrajudicial à gigante tecnológica.

Jorge Messias, ministro da AGU, disse que, nesta notificação, o governo brasileiro pergunta como a empresa protegerá crianças, adolescentes, mulheres e comerciantes após implementar as mudanças.

Segundo Messias, a empresa terá 72 horas, a partir do recebimento da notificação, para informar ao Brasil qual política de tratamento de conteúdo postado nas plataformas será adotada para o país.

Jorge Messias afirmou que, caso a Meta não responda ao pedido no prazo de 72 horas, o governo poderá tomar medidas judiciais, mas não detalhou quais.

Questionado se uma alternativa seria suspender as redes da empresa, o ministro disse que “isso não está em discussão neste momento”.

Os ministros Rui Costa, Jorge Messias e Juscelino Filho (Comunicações) participaram nesta sexta-feira de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a Meta. Na quinta, Lula classificou o anúncio feito pela Meta como “grave”.

A Meta, dona do Instagram e do Facebook, anunciou nesta terça-feira (7) que está encerrando seu programa de checagem de fatos, começando pelos Estados Unidos.

A empresa adotará “notas da comunidade”, nas quais os próprios usuários fazem correções — recurso semelhante ao implementado pelo X de Elon Musk.

Mudanças

O anúncio foi feito pelo presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg, que afirmou que os verificadores “foram muito tendenciosos politicamente e destruíram mais confiança do que criaram”.

E assumiu que, com o fim da verificação por terceiros, “menos coisas ruins serão percebidas” pela plataforma. “Mas o número de postagens e contas de pessoas inocentes que removemos acidentalmente também diminuirá.”

Em vídeo no Instagram, Zuckerberg disse ainda que a empresa trabalhará com Donald Trump, que assume a presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20.

As principais mudanças anunciadas pela Meta são:

– A Meta não possui mais parceiros de fact-checking que auxiliam na moderação de postagens, além da equipe interna dedicada a esta função;

– em vez de detectar qualquer violação da política do Instagram e do Facebook, os filtros de verificação agora se concentrarão no combate a violações legais e de alta gravidade;

– para casos menos graves, as plataformas dependerão de denúncias feitas pelos usuários, antes que qualquer ação seja tomada pela empresa;

– nos casos de conteúdos considerados “menos graves”, os próprios usuários poderão adicionar correções nas postagens, como complemento ao conteúdo, de forma semelhante às “notas da comunidade” de X;

– Instagram e Facebook voltarão a recomendar mais conteúdo político;

– a equipe de “confiança, segurança e moderação de conteúdo” deixará a Califórnia, e a revisão do conteúdo postado nos EUA será centralizada no Texas (EUA).