Geração “nem-nem”: quantos jovens não estudam e nem trabalham no Brasil? E nos países ricos? Entenda

Geração “nem-nem”: quantos jovens não estudam e nem trabalham no Brasil? E nos países ricos? Entenda


Enquanto o Brasil tem 24% de jovens que não estudam nem trabalham, os países da OCDE têm 10 pontos percentuais a menos de jovens nesta categoria. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Os jovens entre 25 e 34 anos que não trabalham nem estudam — os chamados “nem-nem” — são quase 1 em cada 4 (24%) no país, segundo o estudo Education at a Glance 2024, divulgado esta terça-feira. (10 ), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de países economicamente desenvolvidos do qual o Brasil não faz parte. Esse número caiu 5,4 pontos percentuais em sete anos (era de 29,4% em 2016), mas ainda é considerado alto pelos especialistas.

O número da entidade internacional é pior que o divulgado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua da Educação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado e correspondente a 2022, de 20% (9,6 milhões de jovens pessoas). A PNAD avalia uma faixa etária diferente: de 15 a 29 anos.

Na pesquisa do IBGE, quando questionados sobre o principal motivo do abandono escolar, os jovens apontam a necessidade de trabalhar como fator prioritário (40,2%), mesmo que nem sempre encontrem emprego. A gravidez (22,4%) e a exigência de tarefas domésticas ou de cuidar de outras pessoas (10,3%) também aparecem como motivos, principalmente para as mulheres.

A taxa de jovens “nem-nem” brasileiros ainda está bem acima da média dos países da OCDE, que tinham 13,8% de jovens nessa categoria no ano passado, dois pontos percentuais a menos que sete anos antes. Na última década, a oferta e a qualidade do emprego no Brasil foram afetadas pela crise econômica de 2015-2016 e pela pandemia, a partir de 2020.

Entre as principais formas de reduzir a proporção de nem-nem jovens está a melhoria da qualidade do ensino básico, o que permitiria um salto na aprendizagem. O Brasil aparece entre os últimos colocados no Pisa, principal avaliação internacional da educação.

Os países desenvolvidos investem fortemente para garantir que os estudantes frequentem o ensino profissional juntamente com o ensino secundário. No Brasil, apenas 10% dos estudantes estudam estudos técnicos, em comparação com 68% na Finlândia e 49% na Alemanha.

“A difícil situação do mercado de trabalho enfrentada pelos trabalhadores sem qualificações secundárias superiores reflete-se nas taxas de emprego entre os jovens”, aponta o inquérito da OCDE. Isso porque 64% das pessoas entre 25 e 34 anos sem ensino médio no Brasil estão empregadas, contra 75% dos jovens que possuem ensino médio ou superior. O número é semelhante aos países do organismo internacional, cujas taxas são de 61% e 79%, respectivamente.

Ainda assim, os trabalhadores sem qualificações de ensino secundário ou superior recebem salários significativamente mais baixos do que aqueles com um diploma, mostra o estudo. No Brasil, essa realidade é ainda mais discrepante do que nos países desenvolvidos.

No Brasil, 59% das pessoas de 25 a 64 anos com ensino inferior ao ensino médio ganham metade ou menos da renda mediana, em comparação com 37% dos trabalhadores com ensino médio ou não superior e 19% com ensino superior terciário. Entretanto, entre os países desenvolvidos da OCDE as médias são de 28%, 17% e 10%, respetivamente.

Desigualdade de género

O estudo também mostrou desigualdade na empregabilidade entre mulheres e homens. Embora as mulheres tenham melhores resultados educativos em quase todos os parâmetros avaliados, têm menos probabilidades de estarem empregadas do que os homens.

“Embora as raparigas e as mulheres superem claramente os rapazes e os homens na educação, a situação inverte-se quando entram no mercado de trabalho; as principais medidas dos resultados do mercado de trabalho são, em geral, piores para as mulheres do que para os homens”, afirma a OCDE no documento.

Em todos os países membros da OCDE, as mulheres com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos têm maior ou igual probabilidade do que os seus homólogos masculinos de terem uma qualificação de ensino superior. No Brasil, a taxa de conclusão do ensino superior é de 28% para as mulheres e 20% para os homens.

No entanto, esta mesma faixa etária feminina tem menos probabilidade de estar empregada do que a masculina, com uma diferença ainda maior para aqueles com nível de escolaridade inferior ao ensino secundário e menor para aqueles com ensino superior.

No Brasil, apenas 44% das mulheres jovens com nível educacional inferior ao ensino médio completo estão empregadas, enquanto a proporção correspondente para os homens jovens é de 80%. Entre os jovens com ensino superior que estão empregados, a taxa é de 85% para as mulheres e de 92% para os homens. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.