Futuro chefe do Banco Central, Gabriel Galípolo não vê ataque especulativo contra o real

Colocar

A Editorial Sul

| 19 de dezembro de 2024

“Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, uma coisa, coordenado”, disse Galípolo.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

““Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, uma coisa, coordenado”, disse Galípolo. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que assumirá o comando do Banco Central a partir de janeiro de 2025, disse nesta quinta-feira (19) que não entende que o termo “ataque especulativo” represente bem como está acontecendo o movimento no mercado no momento.

Ele participou de coletiva de imprensa sobre o relatório de inflação do quarto trimestre deste ano, em Brasília.

“Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, uma coisa, coordenado. O mercado geralmente trabalha com posições opostas, tem alguém comprando e alguém vendendo. Quando o preço do ativo [como o dólar] se move em uma direção, há vencedores e perdedores. O ataque especulativo não representa bem como está acontecendo o movimento no mercado hoje”, declarou Galípolo.

Questionado nesta quarta-feira (18) sobre um possível ataque especulativo ao real, com a alta do dólar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não descartou essa possibilidade.

“Há contactos connosco a falar de especulação, incluindo jornalistas respeitáveis a falar sobre isso. Prefiro trabalhar com os fundamentos, mostrando a consistência do que estamos fazendo para beneficiar o quadro fiscal e estabilizá-lo. Mas pode haver [ataque especulativo]. Não estou tentando julgar isso porque o Tesouro trabalha com os fundamentos. E esses movimentos mais especulativos são freados com a intervenção do Tesouro e do Banco Central”, declarou Haddad, na época.

Nos últimos dias, o Banco Central tem realizado intervenções na taxa de câmbio, através da venda de moeda norte-americana no mercado à vista e também através dos chamados leilões de linha (venda com compromisso de recompra, como se fosse um empréstimo). Só nesta quinta-feira, foram vendidos US$ 8 bilhões no mercado spot.

Mesmo assim, o dólar tem operado sob pressão, enquanto analistas aguardam o andamento do pacote de cortes de gastos no Congresso Nacional. Nesta quinta-feira, após bater recorde de R$ 6,30 por volta das 10h10, o dólar começou a cair.