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A Editorial Sul
| 9 de novembro de 2024
Os impactos projectados para um segundo mandato somam-se aos factores internos e levam a estimativas revistas. (Foto: Freepik)
A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e seus potenciais efeitos na política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) somam-se a um cenário doméstico desafiador para o Banco Central (BC), com atividade econômica aquecida , expectativas de inflação desvinculadas da meta de 3% ao ano e incerteza com a política fiscal.
Após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, importantes instituições financeiras nacionais e estrangeiras aumentaram suas estimativas para o ciclo de aperto monetário do colegiado, sob o pretexto de que as condições macroeconômicas internas e externas deveriam exigir uma postura mais agressiva. conservador nos próximos meses.
O Copom confirmou as expectativas dos agentes financeiros ao elevar a taxa Selic de 10,75% para 11,25% nesta semana. A ausência de orientação futura (“forward guidance”) sobre as próximas decisões e os sinais interpretados pelo mercado como mais difíceis abriram espaço para uma série de revisões nas projeções para a taxa básica de juros.
Segundo a economista-chefe da Tenax Capital, Débora Nogueira, com a vitória significativa de Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, aumentou a probabilidade de as suas promessas de campanha entrarem em vigor no primeiro ano do seu mandato. “A vitória de Trump já era o cenário base, mas com um voto popular tão elástico e o partido [republicano] comandando as duas casas legislativas, suas promessas de campanha, que devem ser inflacionárias, devem entrar em vigor ainda no primeiro ano”, afirma.
Em meio ao cenário externo mais desafiador, a mensagem mais conservadora emitida pelo Copom no comunicado desta quarta também contribuiu para que o gestor revisse sua estimativa para o ciclo de aperto monetário no Brasil. A Tenax agora espera uma Selic de 13,25% no próximo ano, ante 12,75%.
“É um ambiente externo menos benigno para os mercados emergentes, com um dólar mais forte. Além disso, esperamos também uma inflação mais alta”, afirma Nogueira. Segundo ela, o cenário global de dólar valorizado acaba indo ao encontro da situação particular brasileira, que está longe de ser positiva. “Não temos um histórico doméstico benigno em meio a esse cenário externo desafiador para os mercados emergentes. É um piquenique à beira do vulcão”, resume.
O economista-chefe da Reach Capital, Igor Barenboim, segue a mesma linha do profissional da Tenax Capital. Para ele, a evolução do cenário macroeconômico no Brasil e nos Estados Unidos aumentou a chance de a Selic subir para 14%. Além das políticas inflacionárias de Trump, a perspectiva de um maior déficit fiscal nos Estados Unidos devido a possíveis cortes de impostos para o setor privado tende a pressionar as taxas de juros longas no país, o que aumenta o custo de capital para mercados fora dos Estados Unidos Estados, diz.
Esses dois fatores, somados, indicam que o Copom pode ter que adotar uma postura mais conservadora no curto prazo, avalia Barenboim. Mesmo assim, o economista entende que ainda não é hora de rever seu cenário base de taxa Selic em 13% ao final do ciclo de aperto monetário, com cortes para 12% até o final de 2025. Segundo ele, as perspectivas para a política monetária local depende muito do que o governo fará na área fiscal.
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As expectativas no Brasil são de uma taxa básica de juros mais alta após a eleição de Trump
09/11/2024
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