Expectativa de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central aperte o ritmo de alta da Selic na sua próxima reunião, marcada para 10 e 11 de dezembro

Expectativa de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central aperte o ritmo de alta da Selic na sua próxima reunião, marcada para 10 e 11 de dezembro


O pacote foi ofuscado pelo plano de aumentar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, segundo economistas. (Foto: Divulgação)

A frustração com o pacote de ajuste fiscal apresentado na última quarta-feira (27) pelo governo consolidou no mercado a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aperte o ritmo de aumento da taxa Selic em sua próxima reunião, marcada para os dias 10 e 11 de dezembro. Levantamento realizado nesta sexta-feira (29) pelo Projeções Broadcast mostra que, das 31 instituições consultadas, 23 passaram a trabalhar com a projeção de aumento de 0,75 ponto percentual para a taxa básica de juros – que saltaria então dos atuais 11,25% para 12% ao ano.

Fazem parte desse grupo instituições como Citi, Itaú Unibanco, Barclays e MB Associados. Outras sete casas esperam a manutenção do aumento de 0,50 ponto, enquanto uma (JPMorgan) fala em aumento de 1 ponto percentual.

O próprio Copom já havia intensificado a cobrança por medidas de aperto fiscal na reunião realizada no início deste mês – quando colocou a Selic no patamar atual de 11,25% –, ao enfatizar que queria ver “a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal”.

Na opinião dos economistas, as medidas incluídas no pacote são insuficientes para corrigir a trajetória ascendente da dívida pública e anular a ameaça ao quadro. Outra crítica é que o pacote foi ofuscado pelo plano de aumentar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

“Considerando a resposta dos ativos locais até o momento e a incerteza persistente na frente fiscal, esperamos agora que o BC acelere o ritmo do aperto monetário pela segunda vez consecutiva”, disse o economista-chefe para o Brasil do Barclays, Roberto Secemski , para quem o pacote limitou os ganhos de credibilidade do Tesouro e impôs uma resposta mais firme na condução da política monetária.

O economista-chefe da G5 Partners, Luís Otávio de Souza Leal, segue a mesma linha de Secemski. Segundo ele, a reação negativa do mercado ao pacote fiscal demonstrou que uma aceleração na taxa de aumento da Selic, de 0,5 para 0,75 pontos, é o piso do que se pode esperar no próximo Copom.

Tecnicamente errado

O economista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein, afirmou que um aumento de 0,50 ponto na Selic em dezembro seria visto como “tecnicamente errado”, dado o aumento do prêmio de risco incorporado ao país, a desvalorização cambial e as perspectivas de desancoragem adicional nas expectativas de inflação.

O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse ontem que, diante de uma economia aquecida, a instituição terá “eventualmente” que pisar no freio um pouco “mais forte”, indicando assim taxas de juros mais altas em os próximos meses. “Eventualmente, (o BC) terá que pisar um pouco mais no freio para não deixar a economia esquentar a ponto de pressionar a inflação”, disse ele, durante almoço promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban)