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A Editorial Sul
| 25 de junho de 2024
O papel de assessor político, porém, é exercido por Temer com maior frequência junto a aliados no MDB. (Foto: Reprodução)
Desde que deixou a Presidência, no final de 2018, Michel Temer vem multiplicando suas áreas de atuação. Aos 83 anos, divide suas atividades como advogado, autor de pareceres jurídicos, palestrante e assessor de aliados políticos. Ele tem viajado muito e não mostra sinais de desaceleração.
Ele diz que dá palestras por diversão – embora possa cobrar por elas. O mais comum é ser convidado para falar sobre a sua “área”, o direito constitucional. O grande público o conhece por sua trajetória política, mas é como jurista que Temer tem seu reconhecimento mais duradouro: seu livro “Elementos de Direito Constitucional” chegou à 25ª edição no ano passado.
Nos últimos meses, ele deu palestras em Dubai, Londres e Nova York. Ela também palestrou em um centro judaico em São Paulo, em um Congresso de Advogados em Goiânia e em um evento em São Sebastião, no litoral paulista. Ela já tem palestras marcadas no Lisbon Legal Forum e em simpósio de logística em Balneário Camboriú (SC) nas próximas semanas.
“É claro que falo bem do meu governo, mas também dou uma visão otimista do Brasil. Temos o hábito de falar mal do país, principalmente do exterior. Eu não sou. O Brasil passou por muitas crises e superou todas”, afirma Temer.
Além do trabalho como palestrante, ele ingressa na advocacia – área que hoje garante seu sustento, segundo o ex-presidente. O hiato na prática durou três décadas, pois ele deixou o dia a dia de advogado para se dedicar à política e aos cargos públicos na década de 1980. Apesar disso, Temer Advogados Associados tem sido muito procurado desde que deixou o Palácio do Planalto.
Ele reconhece que trabalha em casos “significativos” nos tribunais, mas evita mencioná-los. A associação com outros escritórios permitiu a sua presença em causas importantes. Contra a mineradora Samarco, por exemplo, a ação girava em torno de R$ 100 bilhões. Temer atua em nome de associações de moradores e municípios atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana, que pedem indenização da empresa.
Em outra ação, o ex-presidente foi contratado pela Paper Excellence e se viu mais uma vez adversário de Joesley Batista, empresário que o acusou de irregularidades e causou a maior crise de seu governo. O grupo indonésio trava na Justiça uma disputa bilionária com a J&F pelo controle da Eldorado Celulose. Temer entrou para a equipe de advogados como uma espécie de “consultor”, diz um integrante da equipe. A briga pela iluminação pública na cidade de São Paulo levou Temer a outra disputa: a construtora WTorre decidiu contratá-lo para integrar a equipe jurídica do consórcio Walks, que perdeu a licitação de R$ 7 bilhões. Procuradas, a WTorre e a Paper Excellence não comentaram.
Mais recentemente, o ex-presidente foi chamado para participar de uma briga entre a fabricante Gradiente e a Apple. A empresa brasileira reivindica o direito de uso da marca “iPhone” no país, e o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). O Google também abordou Temer, que o contratou com o objetivo de melhorar seu relacionamento com Brasília, principalmente com o Congresso. A empresa trava uma disputa acirrada nos bastidores contra o PL das Redes Sociais. Procurados, Google e Gradiente não comentaram.
O ex-presidente tornou-se uma mais-valia para alguns clientes pelo seu conhecimento jurídico, mas especialmente pelo seu vasto conhecimento dos meandros da justiça e da política. Segundo um advogado, Temer ajuda a montar a melhor estratégia para “sensibilizar um juiz”, indicando caminhos para alcançá-lo e quais argumentos têm maior probabilidade de dar certo.
O bom trânsito no Judiciário também rende dividendos a Temer na política. No início do ano, ela se ofereceu para atuar como ponte entre Jair Bolsonaro e o STF. O temor era que o evento marcado para a Avenida Paulista se transformasse em mais uma complicação jurídica para o ex-presidente.
Temer já havia desempenhado o papel de acalmar Bolsonaro ao colocar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao telefone com o então presidente e criar uma tentativa de armistício em 2021. Aliado de longa data, Moraes foi indicado à Corte pelo ex-presidente, com quem mantém relacionamento próximo até hoje. A informação é do jornal O Globo.
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