Colocar
A Editorial Sul
| 3 de novembro de 2024
O governador venceu face à “profunda divisão no campo da direita”, diz ele. (Foto: Reprodução)
Responsável por cunhar o termo “Lulismo”, o cientista político André Singer considera que o principal sinal das eleições autárquicas deste ano para a corrida presidencial em 2026 foi a divisão do campo da direita, marcada especialmente pela candidatura de Pablo Marçal (PRTB) em São Paulo. Ex-secretário de Imprensa e porta-voz do primeiro governo Lula, ele avalia também que o Governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que apoiou desde o início a candidatura de Ricardo Nunes (MDB), saiu vitorioso dessa divisão, sendo “o grande vencedor das eleições de 2024”.
Como o Sr. avaliar o desempenho da esquerda nas eleições municipais deste ano?
Vejo dois critérios para avaliar esta questão. O primeiro seria o conjunto de partidos que podemos chamar de campo de esquerda: PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB e Rede. Por este critério, o desempenho não foi bom. Talvez o melhor momento nesse campo tenha sido em 2012, quando o governo liderado pela ex-presidente Dilma (Rousseff) teve um excelente e bom índice de aprovação de 56%. Considerando o número de prefeituras, este campo ocupou aproximadamente metade das prefeituras que realizou em 2012 nestas eleições. O segundo critério seria avaliar algumas eleições em capitais significativas, como Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo. Com base nestes dois critérios, eu diria que o desempenho da esquerda não foi bom.
Alguns acreditam que o discurso tradicional da esquerda já não repercute mais na população de baixa renda, que valoriza questões como o empreendedorismo e muitas vezes vê o Estado como um obstáculo. Sr. Você concorda com essa visão?
A principal proposta da esquerda é que o Estado atue em benefício das classes populares. Contudo, pode estar em curso uma transformação dentro destas camadas, em que determinados sectores enfrentam necessidades específicas que exigem um desdobramento desta concepção geral. O apoio do Presidente Lula entre as camadas de rendimento mais baixo, na base da pirâmide, continua acima da média. Portanto, a base social do Lulismo permanece. Contudo, pode haver uma transformação em camadas que não são exatamente as da base, mas que, na verdade, exigem o que eu chamaria de especificação do discurso ou dessa concepção geral. Para antecipar um tema que poderá surgir mais tarde, esta transformação poderá ter encontrado expressão numa candidatura como a de Pablo Marçal.
Em 2023, o senhor afirmou que o presidente Lula precisa reconquistar o que já foi a “nova classe C”. Ele foi capaz de fazer isso?
Com base nos dados que encontrei sobre rendimentos e avaliação do governo, a minha resposta seria não. O que me chamou a atenção foi que, entre aqueles que consideram o governo Lula excelente ou bom, a proporção aumenta significativamente até a faixa de dois salários mínimos, mas cai drasticamente acima desse valor. Sendo absolutamente técnico, eu diria que não.
Que sinais as eleições de 2024 indicaram para 2026?
O primeiro sinal é de uma profunda divisão na direita, marcada pela candidatura de Pablo Marçal – o que ninguém imaginava que aconteceria. Essa divisão separa uma extrema direita que não abre mão de suas características de uma direita com perfil diferente. E, digamos, o personagem que emerge desse cenário é o governador Tarcísio de Freitas, possivelmente o grande vencedor das eleições de 2024, considerando que São Paulo é um termômetro político. Agora veremos como ele lidará com essa divisão.
Bolsonaro surge como o perdedor destas eleições?
Ele não surge exatamente como derrotado, mas como líder de um campo importante, o da extrema direita. A eleição de 2024 demonstrou que esse campo continua relevante no Brasil, mas não é majoritário. E nem é um campo em que ele exerce liderança indiscutível, porque o que Marçal fez foi mostrar, para usar a minha expressão, que existe “Bolsonarismo sem Bolsonaro”.
Tarcísio se projeta ser um representante da extrema direita ou de uma direita mais moderada para 2026?
Ele se projeta como um líder bolsonarista. Embora tenha desafiado Bolsonaro em alguns pontos, nunca rompeu totalmente com ele, fazendo questão de afirmar, até ao fim, que “Bolsonaro faz parte desta coligação que está a levar Ricardo Nunes à reeleição”. O entendimento de Tarcísio, que está correto, é que esse bloco precisa estar unido para vencer. Valdemar Costa Neto disse ao Estadão que, sem união, a extrema direita não pode vencer – e ele está certo. Tarcísio se apresenta como um líder bolsonarista, mas ressalta que não é possível vencer sem união. Agora, se ele conseguirá alcançar essa unidade, não sei.
Voltar para todas as notícias
Ex-porta-voz de Lula vê governador de São Paulo como o grande vencedor da eleição
03/11/2024
empréstimo consignado para aposentado
emprestimo consignado para aposentado
cartão consignado
app picpay
empréstimos bpc
emprestimo aposentado do inss
simular empréstimo consignado
emprestimos consignados simulação
empréstimo no picpay