Ex-chefe da Secom diz sofrer “perseguição política”

Ex-chefe da Secom diz sofrer “perseguição política”


O indiciamento de Fábio Wajngarten e de vários outros auxiliares de Bolsonaro, como o ex-ajudante de campo Mauro Cid, deve ser oficializado. (Foto: Divulgação)

Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) no governo passado e hoje um dos auxiliares mais próximos de Jair Bolsonaro, será indiciado pela Polícia Federal em uma das investigações em andamento que investigam as ações do ex-presidente – mais especificamente no caso de joias que o ex-presidente recebeu de presente durante seu mandato e que foram compradas e recompradas ilegalmente nos Estados Unidos.

O indiciamento dele e de vários outros auxiliares de Bolsonaro, incluindo o ex-ajudante de campo Mauro Cid, deve ser oficializado. Wajngarten diz que sofre “perseguição política”. “Não pode haver nenhuma evidência contra mim. Fiquei sabendo da venda das joias pela imprensa. Só, e só então, entrei no caso para cuidar da área de comunicação”, argumentou.

Testemunho em 2023

O ex-secretário é advogado e em agosto de 2023 seguiu a linha do ex-presidente e permaneceu calado no depoimento agendado pela Polícia Federal (PF). Os investigadores investigam sua suposta interferência no caso dos presentes recebidos por Bolsonaro quando chefe de Estado.

Nessa linha, Wanjgarten teria superado brigas antigas com o advogado Frederick Wassef para se juntar a ele na recompra de um Rolex, por R$ 250 mil, nos Estados Unidos. A operação teria como objetivo ajudar Bolsonaro a recuperar as mercadorias vendidas para, segundo os investigadores, driblar a investigação da PF e entregar o relógio ao acervo público.

O planejamento, suspeita a PF, teria as impressões digitais de Wajngarten. O ex-secretário de Comunicação não comentou sua declaração.

O relógio faz parte da lista de artigos de luxo que está no centro de uma investigação da PF, que tenta apurar se Bolsonaro vendeu joias dadas de presente por outros países à Presidência da República. Esses itens, segundo a Polícia Federal, seriam bens da União e não poderiam ter sido negociados.

Março de 2023

O atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, em março de 2023, quando ocupava o Ministério da Justiça, disse que o caso da tentativa do governo Jair Bolsonaro de trazer jóias ilegalmente para o Brasil tem “sinais muito claros de múltiplos possibilidades de cometer um crime”.

Segundo Dino, podem ter sido cometidos os seguintes:

  • Peculato – “Se o bem ou bens são considerados públicos, obviamente se alguém se apropriar indevidamente de bem público, estamos em crime denominado peculato”;
  • Desvio – “Um bem privado só pode entrar em território nacional mediante declaração e pagamento do imposto devido. Se isso não acontecer, estamos diante de um crime chamado peculato”.