Emiliano Queiroz, o Dirceu Borboleta de “O Bem-Amado”, morre no Rio de Janeiro

Emiliano Queiroz, o Dirceu Borboleta de “O Bem-Amado”, morre no Rio de Janeiro


O artista de 88 anos participou de mais de 40 novelas da Globo, além de séries e minisséries

Foto: TV Globo/Divulgação

O artista de 88 anos participou de mais de 40 novelas da Globo, além de séries e minisséries.

O ator Emiliano Queiroz morreu nesta sexta-feira (04) aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Tendo atuado em mais de 40 novelas, seus papéis de maior destaque incluem Dirceu Borboleta em “O Bem-Amado” (1973).

O artista passou 10 dias internado na Clínica São Vicente da Gávea, na Zona Sul do Rio, por ter colocado três stents no coração. Nesta quinta-feira (03), ele recebeu alta hospitalar e foi para casa.

Segundo o amigo e produtor Eduardo Barata, às 4h30 desta sexta-feira ele acordou, tomou banho e começou a passar mal. Emiliano foi levado de volta ao hospital, mas teve parada cardíaca. O ator foi reanimado e intubado, mas morreu horas depois.

Em 2022, o ator comemorou 70 anos de carreira e concedeu entrevista ao programa Conversa com Bial, onde relembrou momentos que ficaram marcados em seu coração ao longo dessas décadas. Seu talento para a dramaturgia surgiu muito jovem e ainda criança fazia teatro para adultos em Aracati, sua cidade natal, no litoral do Ceará.

Aos 4 anos, seu pai o levou para assistir “O Mártir do Gólgota”, peça de Henrique Perez Escrich, despertando definitivamente sua vocação: “Outro dia eu já estava fazendo ‘O Mártir do Gólgota’ de ida e volta . , e os professores começaram a valorizar essa facilidade que eu tinha”, disse o ator em entrevista ao Memória Globo.

Foi a partir daí que começou a fazer parte do grupo de teatro de sua escola. Aos 14 anos ingressou no Teatro Experimental de Arte de Fortaleza e, aos 16, começou a trabalhar no Ceará Rádio Clube.

Emiliano foi casado há 51 anos com Maria Letícia, advogada e atriz de 77 anos. O ator que ajudou a criar 14 filhos com a esposa deixa 8 netos e 3 bisnetos. O local, horário do velório e cremação do corpo ainda não foram definidos.

Mais de 40 novelas

O artista ficou gravado no imaginário brasileiro com seu personagem Dirceu Borboleta, em “O Bem-Amado”, de Dias Gomes, mas participou de mais de 40 novelas, além de séries e minisséries.

No total, trabalhou em mais de 60 filmes, mais de 60 peças de teatro e cerca de 70 novelas, minisséries e especiais de TV. Estreou na TV Globo logo após a emissora comprar a TV Paulista, onde já trabalhava, em 1965.

Em “Eu Compro Esta Mulher”, de 1966, escrita por Glória Magadan, começou a cair nas graças do público. “Fiz o papel de um menino meio maluco”, lembrou ele em entrevista ao Memória Globo.

Naquele ano, foi espancado na rua por causa do vilão nazista Hans Stauben em “O Xeque de Agadir” (1966), do mesmo autor. “As pessoas me odiavam. Eu tinha assassinado o personagem do Cláudio Marzo no episódio da noite anterior e a coisa já estava começando a ficar brava na rua. Os caras passavam de táxi ou ônibus e gritavam: ‘Assassino!’. Na manhã seguinte, uma mulher bateu na minha cabeça com o guarda-chuva”, disse ele na entrevista.

Emiliano também fez sucesso com participações em Cambalacho, em 1986, com o personagem Tio Biju, e em Alma Gêmea, em 2005, com Tio Bernardo. Seus trabalhos mais recentes em novelas da TV Globo foram em “Além da Ilusão”, em 2022, “Éramos Seis”, em 2020, e “Espelho da Vida”, 2018.

Cinema e teatro

No cinema, ganhou o Kikito de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado pela participação de três minutos no filme ‘Stelinha’ (1990), de Miguel Faria Jr. de Flávio Tambellini; ‘Rua O Xangô de Baker’ (2001), de Miguel Faria Jr. ‘Madame Satã’ (2002), de Karim Aïnouz; e ‘Casa de Areia’ (2005), de Andrucha Waddington, entre outros.

No teatro, destacam-se personagens como Veludo da peça ‘Navalha na Carne’ (1969), de Plínio Marcos; Tonho de ‘Dois Perdidos numa Noite Suja’ (1971), também de Plínio Marcos; e sua composição antológica de Geni em ‘Ópera do Malandro’ (1978), de Chico Buarque.