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A Editorial Sul
| 30 de outubro de 2024
O segundo turno das eleições municipais consolidou o cenário político traçado no primeiro: a revitalização da política tradicional. (Foto: Freepik)
Sem grandes surpresas, o segundo turno das eleições municipais consolidou o cenário político traçado no primeiro: a revitalização da política tradicional; um direito robusto, mas fracionário; uma esquerda em crise; e o desgaste dos dois líderes dominantes em nível nacional, o presidente Lula da Silva e, sobretudo, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
No geral, os candidatos radicais foram rejeitados, os interesses locais e os referendos sobre a gestão prevaleceram e o centro, tanto na sua faceta ideologicamente moderada como na sua faceta fisiológica, triunfou. A maior expressão disso foi a atuação do PSD, em primeiro lugar, com 887 prefeituras, e do MDB, com 853.
De certa forma, os partidos do Centrão retornaram às suas origens como contraponto ao progressismo na Assembleia Constituinte de 1988. Num outro sentido, este regresso foi alimentado pelo fortalecimento destes partidos no Congresso, dotados de fundos eleitorais multibilionários e, sobretudo, de emendas parlamentares. O número de prefeitos reeleitos foi o maior dos últimos 20 anos, chegando a 80%. Nas 112 cidades mais contempladas pelas alterações, o índice foi de 93,7%. As emendas cumpriram sua função de ampliar o domínio desses partidos, e a contrapartida será o seu fortalecimento no Congresso.
A expressão mais eloquente da crise de representação da esquerda foi a desidratação no Nordeste, onde perdeu metade das suas capitais, restando apenas duas. Em número de prefeituras, o PT ficou em 9º lugar, atrás até do moribundo PSDB. O maior vencedor do campo progressista, o PSB, ficou na 7ª colocação. No geral, mesmo com a máquina Executiva nacional, foi o pior resultado para a esquerda desde a redemocratização.
A agenda de inclusão social foi incorporada por outros espectros e a credibilidade da esquerda para implementá-la foi irreparavelmente manchada pela corrupção e pela recessão durante a administração lulopetista de Dilma Rousseff. As políticas de bem-estar já não são novas e carecem de combustível devido ao aperto fiscal. Faltam ideias para responder às preocupações da população com a segurança e ao seu desejo de empreender.
Um novo protagonista, como João Campos (PSB), reeleito no Recife, ainda é apenas uma promessa. Em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), apesar do apoio do PT e de recursos de campanha dez vezes maiores, perdeu a segunda disputa consecutiva. Com praticamente o mesmo número de votos de 2020, Boulos perdeu em quase todos os distritos e revelou-se um candidato de nicho, com teto intransponível.
Nas disputas entre o PT e o PL de Jair Bolsonaro, o PL, em geral, saiu vencedor. Mas, como líderes eleitorais, Lula e Bolsonaro perderam mais do que ganharam. Lula, seja porque não tem mais o mesmo vigor, seja porque está mais preocupado em projetar sua imagem no exterior, seja para evitar confrontos com partidos que formam sua base, não entrou profundamente nas disputas. Mas o maior perdedor foi Bolsonaro. Quase todas as suas apostas falharam – assim como as suas tentativas de retaliação contra moderados como o PSD. No seu próprio partido prevaleceu a ala pragmática liderada pelo presidente Valdemar Costa Neto.
Os principais candidatos da direita à Presidência em 2026 – os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Jr. (PR) – indicaram candidatos com apoio marginal de Bolsonaro ou mesmo contra ele, como (velado) em Curitiba e (explicitamente) em Goiânia. Um candidato como Pablo Marçal mostrou que pode captar votos do chamado Bolsonaroismo “de raiz”, mesmo apesar de Bolsonaro.
Olhando para 2026, Lula será sempre um forte candidato. Mas ele é velho, em idade e em ideias. Em termos partidários, a disputa caminha para um “isolamento esplêndido” e sem aquela que foi a sua principal alavanca em 2022: a contenção de Jair Bolsonaro.
As moedas de troca com um Centrão robusto no nível regional e no Legislativo federal diminuíram, e esse grupo está sempre pronto para migrar para onde estiverem as preferências do eleitorado. Neste momento, eles apontam para a direita. Mas ainda falta uma liderança capaz de representá-los a nível nacional. (Opinião/O Estado de S. Paulo)
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Eleitor consolida preferência pela direita: País sai das urnas com esquerda em crise e dependente de Lula e direita fortalecida em busca de líder
30/10/2024
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