SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Henrique da Silva Chagas, de 27 anos, conhecido como Rick, que morreu durante a aplicação do peeling de fenol na última segunda-feira (3/6), achou o procedimento simples e superficial, segundo Marcelo Camargo , 49 anos, namorado da vítima.
Segundo ele, foi o responsável pelo procedimento – a influenciadora Natalia Becker – quem garantiu isso. “Em todos os momentos ela enfatizava que era um peeling de fenol mais superficial, com produtos mais fracos, mais diluídos – palavras dela. E, por isso, como ela era esteticista ela poderia fazer”, diz Camargo, residente em Campinas, em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo.
“Ela disse que se fosse realmente um procedimento mais profundo, com produtos mais fortes, então teria que ser no centro cirúrgico com dermatologista, com médico, com equipamento. era uma coisa mais simples, muito superficial, que ela poderia fazer em uma clínica”, afirma.
Camargo ressalta que o namorado queria, há muito tempo, fazer o procedimento para retirar cicatrizes de acne que teve na adolescência e que o incomodavam. As marcas estavam concentradas na testa e na região escondida pela barba.
Ele teria pesquisado diversas clínicas, profissionais diferentes, em cidades diferentes, segundo o namorado.
Acabou escolhendo Natalia Becker porque seu perfil no Instagram era muito profissional, com diversas imagens de antes e depois dos procedimentos, por ter muitos seguidores e por realizar diversos procedimentos em influenciadores.
Segundo o namorado, Rick entrou em contato com a esteticista via Instagram e respondeu diversas perguntas. Depois disso, ele marcou uma consulta.
“Há uns 30 dias fomos até essa clínica para essa consulta presencial. Ele tirou várias dúvidas, perguntou como era o procedimento. isso, e que ela eram muitas, e ela nunca viu nada acontecer’, diz ele.
Camargo disse que a pele do namorado não foi avaliada e que a esteticista nem tocou nele. Ela entregou vários produtos que ele deveria usar 30 dias antes do procedimento.
“Tomei uma espuma de limpeza pela manhã, seguida de hidratante e protetor solar, trocando o protetor solar a cada duas horas, à noite um ácido e um tablete de colágeno. Todos com rótulo dela, de Natalia Becker. procedimento, tudo em torno de R$ 5 mil”, revela.
Procedimento
No dia do procedimento, segundo o relato, um auxiliar limpou a pele e iniciou a aplicação de anestésico tópico.
“Ela começou a coçar a pele dele com uma espécie de lâmina. Estava coçando mesmo, coçando, sangrando. Antes de aplicar o fenol parecia que ele tinha brigado com um gato”, conta.
Segundo ele, após esse preparo, Natalia entrou na sala e passou novamente a lâmina no rosto de Rick para aplicar o fenol. Ela pediu que Camargo fosse embora porque ele ficaria incomodado com o cheiro do produto.
“Fiquei do lado de fora, um pouco afastado da sala, em uma pequena sala de espera com a porta fechada. O cheiro era muito forte e incomodava muito”, conta.
O procedimento durou cerca de 50 minutos e ele foi autorizado a entrar na sala.
“Entrei, ele já estava sentado na maca, mas tremia muito, tremia muito, excessivamente, a perna não parava. Ela disse que a reação era normal e que estava tudo bem”, relata.
Eles estavam sozinhos conversando, Rick deitou na maca e começou a passar mal.
“Estávamos conversando, depois de uns cinco minutos, ele estava deitado, estávamos conversando, ele apertou meu braço com força, seus olhos se arregalaram, ele engasgou, não conseguia mais respirar, e então acabou, a partir de então ele já havia perdido a paciência, Rick”, diz ele.
Ajuda
Camargo afirma que começou a gritar por socorro. Natalia e a assistente voltaram para a sala. “Mas ela não tinha nenhum preparo para uma emergência, não sabia o que fazer, estava muito nervosa e não conseguia nem ligar para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). . Ela tinha apenas um aparelhinho de pressão de pulso e um oxímetro que não funcionava”, conta.
Camargo conta que um funcionário foi até uma loja de estofados ao lado e lá apareceu um homem chamado Samu. Eles foram instruídos a colocar Rick no chão e fazer-lhe massagem cardíaca. O procedimento foi realizado por Natália e uma funcionária. Nesse período, o marido dela chegou e também fez as manobras, conta ela.
Porém, quando Samu chegou, ela não foi mais vista. “Quando o Samu chegou ela fugiu. Não a vi mais, não sei para onde ela foi. A partir daquele momento ela evaporou. Ela e o frasco de fenol, que não foi mais encontrado”, afirma. .
Segundo o namorado, à noite, próximo à delegacia, o marido da esteticista o encontrou na rua e disse que cobriria as despesas do funeral.
“Mas como o caso repercutiu dessa forma e entrou um advogado, ele também [sumiu], ninguém mais teve contato. É uma coisa surreal. É algo que vemos nos filmes. Parece que é algo de outro mundo, que não está acontecendo conosco”, finaliza.
Natália foi indiciada nesta quarta-feira (5) por homicídio com possível dolo, por ter corrido risco de matar. Ela se apresentou à polícia na tarde de quarta-feira e foi posteriormente liberada, pois não havia mandado de prisão expedido contra ela.
Segundo a advogada Tatiane Forte, que defende a esteticista, ela não se manifestou antes porque passou mal após a notícia da morte de Chagas.
O advogado foi procurado na tarde desta quinta-feira (6), mas não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem.
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