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A Editorial Sul
| 19 de janeiro de 2025
Entre outubro e novembro de 2024, houve redução tanto no saldo de vagas criadas com carteira assinada quanto no número de demissões voluntárias. (Foto: Freepik)
O actual ciclo de aperto monetário já está a contribuir para uma perda de dinamismo no emprego formal no país. O movimento, visto no final de 2024, deve se intensificar em 2025, na avaliação das pesquisadoras Janaína Feijó e Helena Zahar, em estudo do Instituto Curso Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Entre outubro e novembro de 2024, houve redução tanto no saldo de vagas criadas com carteira assinada quanto no número de demissões voluntárias computadas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho.
“Vemos aumentos consecutivos nas taxas de juros e isso tende a repercutir também no mercado de trabalho. Como? Uma taxa de juros mais alta acaba desestimulando investimentos produtivos. Se houver investimentos menos produtivos, a tendência é que as empresas adiem a decisão de expandir os negócios e contratar. Isso acaba influenciando o mercado de trabalho”, disse a pesquisadora Janaína Feijó.
O estudo lembra que o ano de 2024 foi marcado por forte geração de emprego formal e crescimento significativo de demissões voluntárias, fenômeno que indica uma migração de trabalhadores para melhores cargos em meio a um mercado de trabalho aquecido. Esta dinâmica arrefeceu em novembro, quando o volume de despedimentos a pedido dos trabalhadores caiu “consideravelmente”.
O número de demissões voluntárias totalizou 644.611 em novembro, o menor resultado mensal registrado em 2024. As demissões a pedido em novembro caíram 16,6% em relação ao mês anterior (outubro), quando totalizaram 772.851.
“Tivemos meses sucessivos em 2024 em que as demissões a pedido bateram recordes, fruto da intensa atividade econômica. A tendência é que, com a desaceleração da actividade económica, isso também signifique que haverá menos oportunidades. E os trabalhadores terão menos oportunidades de migrar de um emprego para outro”, projetou Feijó.
Em novembro, houve abertura líquida de 106.625 vagas formais, resultantes de 1.978.371 admissões e 1.871.746 desligamentos. Embora positivo, o saldo foi o mais ameno para o mês da série histórica do Novo Caged, iniciada em 2020. O número de cargos efetivamente criados foi 19,3% inferior ao registrado um mês antes, em outubro de 2024, quando totalizou 132.138 vagas. Em relação a novembro de 2023, quando o saldo era de 121.366 vagas, houve queda de 12,1%.
“O mercado de trabalho está intimamente relacionado com a atividade económica. É como se a actividade tivesse abrandado, o que resultaria num abrandamento mais significativo em 2025. Quando a actividade económica está forte, tendemos a ver mais contratações. Se pegarmos apenas o mês de novembro, observamos que ficou muito abaixo dos novembros dos últimos anos, e por um período que é considerado um período de contratações mais fortes, por ser final de ano. Geralmente, os empreiteiros iniciam as contratações em outubro e novembro, em preparação para o final de novembro, Black Friday, e também para as festividades de final de ano. Mesmo assim não houve aumento mais significativo”, destacou Feijó. “A tendência é que em 2025 esse equilíbrio se estabilize e até tenha um desempenho mais moderado do que observamos em 2024”, acrescentou.
A pesquisadora ressalta, porém, que o resultado acumulado no ano segue robusto, devido ao carregamento de um início mais quente para 2024. No acumulado do ano, de janeiro a novembro de 2024, houve geração líquida de 2,224 milhões de novas vagas formais , um aumento de 16,68% em relação ao mesmo período de 2023. As demissões voluntárias totalizaram um recorde de 7,942 milhões de janeiro a novembro de 2024, um aumento de 16,5% em relação ao mesmo período de 2023. As informações são do portal Estadão.
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