BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Rio de Janeiro), Domingos Brazão, afirmou nesta terça-feira (16/7) que sua família não tem relação com nenhum dos milicianos citados no caso Marielle Franco.
Domingos Brazão prestou depoimento nesta terça-feira em sessão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados que analisa o pedido de impeachment do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
“Não existe nenhum tipo de relacionamento, não existe nenhum tipo de relação com esse tipo de gente no Rio de Janeiro”, disse no início do depoimento, que durou cerca de duas horas.
Os irmãos Brazão estão presos desde março, sob suspeita de terem ordenado o assassinato da vereadora Marielle (PSOL), assassinada em março de 2018.
A certa altura, o conselheiro se emocionou e voltou a dizer que não conhecia ou teve contato com outras pessoas citadas no relatório da Polícia Federal que embasou a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República).
“Envolveram o nome da família Brazão e isso tem um impacto terrível. Estou preso em uma penitenciária federal, e quando deito e olho para o teto e penso que não conhecia Macalé, Fininho, tive sem relacionamento com essas pessoas, sabendo que sou inocente.. tudo isso tem consequências enormes para toda a família”, disse.
Domingos foi indicado pela defesa de Chiquinho para falar ao colegiado. Ele reclamou que era a primeira vez que ouvia falar do caso.
“É a primeira vez que tenho oportunidade de falar. A PF não teve interesse em me ouvir. Até hoje não fui ouvido. E me coloquei à disposição das autoridades e nunca fui chamado”, afirmou. .
O conselheiro respondeu perguntas sobre envolvimento com milicianos, com o delegado Rivaldo Barbosa, sua atuação no TCE, possíveis disputas políticas e fundiárias no estado e sua influência política na indicação de cargos políticos, além da citação de 2019 da então PGR Raquel Dodge de que ele teria obstruído as investigações.
“Esse episódio só mostra que já fomos investigados exaustivamente, em todos os sentidos, desde a época dos ataques. Houve uma investigação conduzida e presidida pela PF. Não tive nenhum envolvimento com isso”, disse.
Em abril, o plenário da Câmara manteve a prisão de Chiquinho Brazão, mesmo após fortes ações de lideranças de centro. Ele foi expulso do União Brasil em março.
Esta é a segunda sessão do Conselho de Ética nesta semana para ouvir testemunhas indicadas pela defesa do deputado. Na segunda-feira (15), o delegado Rivaldo Barbosa prestou depoimento em sessão vazia, pois a Câmara já encerrou suas atividades neste semestre.
Barbosa também é preso. Ele é acusado de ter ajudado os irmãos Brazão no planejamento do assassinato e posteriormente obstruído as investigações.
Barbosa, porém, negou nesta segunda-feira ter contato com os Brazão e disse que a investigação da Polícia Federal não encontrou indícios de uma possível ligação entre eles. Nesta terça-feira, Domingos Brazão também afirmou não ter nenhum relacionamento com Rivaldo.
A expectativa é que o relator do caso, deputado Jack Rocha (PT-ES), divulgue o relatório que indicará a punição de Chiquinho Brazão na volta do recesso parlamentar, em agosto.
Nesta terça-feira, o ex-vereador Thiago K. Ribeiro, atual vice-presidente do TCM do Rio, também foi ouvido como testemunha. Em resposta à defesa de Chiquinho Brazão, ele afirmou que nunca presenciou uma discussão entre o então vereador e Marielle.
“Nunca presenciei uma discussão, debate ou algo mais caloroso individualmente entre os dois. Marielle era uma vereadora muito querida, dócil e respeitada por todos os colegas. Chiquinho também era fácil de trabalhar, respeitava as diferenças do parlamento”, disse.
O ex-deputado Carlos Alberto Lavrado Cupello também foi ouvido pelo colegiado.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), também membro do Conselho de Ética, criticou a ausência de parlamentares na sessão. Ele foi o único, além do relator, a participar da segunda. Nesta terça-feira também estiveram presentes a deputada Ana Paula Lima (PT-SC), além do presidente interino, deputado Alexandre Leite (União Brasil-SP).
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