Dólar fecha em alta cotado a R$ 5,43 após falas de Lula sobre o Banco Central

Dólar fecha em alta cotado a R$ 5,43 após falas de Lula sobre o Banco Central


Os discursos do presidente Lula aumentaram a percepção de que o governo não conseguirá reduzir seus gastos, o que fez disparar o preço do dólar. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O dólar operou com volatilidade durante grande parte do dia, mas fechou em alta nesta terça-feira (18), com investidores de olho nos novos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula disse que o Banco Central (BC) é “a única coisa fora de ajuste” no Brasil e que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, “trabalha para prejudicar o país”.

“Só temos uma coisa que está desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Isso é uma coisa desajustada. Um presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não há explicação para a taxa de juros estar do jeito que está”, disse Lula.

A afirmação ocorre às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que acontece nesta quarta-feira (19) e definirá os rumos da Selic, a taxa básica de juros. A expectativa do mercado é que o conselho mantenha os juros inalterados em 10,50% ao ano.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, opera em alta.

O dólar subiu 0,22%, cotado a R$ 5,4335. Na máxima do dia, já chegou a R$ 5,444.

Com o resultado, a moeda norte-americana segue no maior patamar desde 4 de janeiro de 2023, quando encerrou o dia valendo R$ 5,4523.

Com isso, acumulou altas de 0,96% na semana; 3,51% no mês; e 11,97% no ano. Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,73%, cotada a R$ 5,4214. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,4304.

O Ibovespa subiu 0,41%, aos 119.630 pontos. Com isso, acumulou quedas de 0,03% na semana; 2,02% no mês; e 10,85% no ano. Na véspera, o índice fechou em queda de 0,44%, aos 119.138 pontos.

Numa semana em que os olhos do mercado interno estão voltados para o Copom, na expectativa de qual será a postura do BC em relação aos juros, as novas declarações do presidente Lula pesam negativamente sobre os ativos brasileiros, o que ajuda a explicar a desvalorização do real em relação ao dólar.

Enquanto investidores e especialistas esperam que a taxa Selic permaneça em 10,50% ao ano, Lula criticou mais uma vez a postura do BC em relação aos juros, afirmando que o país não precisa de uma taxa elevada.

“Temos uma situação que não exige essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. A inflação está sob controle. Vamos trabalhar a realidade”, acrescentou.

Sobre o presidente do BC, Lula disse que Roberto Campos Neto tem aspirações políticas e sugeriu que ele poderá assumir um cargo no Governo do Estado de São Paulo quando terminar seu mandato: “A quem esse cara está sujeito? Como vai o partido em SP, quase assumindo candidatura a um cargo no governo de SP? Onde está a economia dele?” ele perguntou.

Vale lembrar que o mandato de Campos Neto termina em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. Porém, Lula afirmou que indicará alguém com “compromisso com o crescimento do país” como presidente da instituição.

A legislação determina que o presidente e os dirigentes do BC terão mandatos de 4 anos que não coincidem com a presidência da República – um novo presidente assume o BC, então, no terceiro ano de cada presidente da República.

Cabe ao presidente da república indicar nomes para o comando do BC, mas estes só serão aprovados com aprovação do Senado Federal. Junto com isso, a incerteza fiscal pesa fortemente sobre o Brasil. Na semana passada, declarações do presidente Lula aumentaram a percepção de que o governo não conseguirá reduzir seus gastos, o que fez disparar o preço do dólar.

Lula também foi questionado sobre cortes de gastos do governo, outro ponto de tensão nos mercados nos últimos dias. Ele afirmou que o governo prepara uma proposta de Orçamento para enviar ao Congresso, mas não deu detalhes sobre reduções de gastos.

Questionado sobre despesas previdenciárias, despesas com saúde e educação e aposentadoria militar, Lula disse que “nada é descartável”.

Agora, a expectativa do mercado é que isso ocorra apenas uma vez nos últimos três meses de 2024, visto que a economia dos Estados Unidos se mostrou resiliente ao longo do primeiro semestre. As informações são do G1.