Diretor do Banco Central diz que não existe “sentimento perverso” contra o crescimento do País, mas que é preciso evitar “desarranjos”

Diretor do Banco Central diz que não existe “sentimento perverso” contra o crescimento do País, mas que é preciso evitar “desarranjos”


Galípolo disse que a melhoria das perspectivas para a actividade económica é um dos pontos de atenção.

Foto: Reprodução/YouTube

Galípolo disse que a melhoria das perspectivas para a actividade económica é um dos pontos de atenção. (Foto: Reprodução/YouTube)

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19), que os membros do Copom aguardarão as próximas quatro semanas até a reunião do colegiado de setembro para reunir “o maior número de dados” e definir o nova Selic, atualmente em 10,5% ao ano. Mas Galípolo repetiu que “vamos com todas as possibilidades em cima da mesa para a próxima reunião”.

“A possibilidade de elevação da taxa Selic foi levantada, mas faltam quatro semanas para a reunião. Estamos a quatro semanas do próximo Copom, precisamos observar vários dados”, afirmou, durante evento com empresários e políticos em Belo Horizonte (MG). “O palco está aberto para o próximo encontro. Vamos observar IPCA, IPCA-15, Caged, Pnad, PIB, aí, o discurso do presidente (Jerome Powell) do Federal Reserve (o banco central americano).”

Galípolo disse que melhorar as perspectivas da atividade econômica é um dos pontos de atenção, e o papel do BC é “cuidar para que esses indicadores não se transformem em um desarranjo”. Entre esses indicadores, ele citou o menor nível de desemprego desde 2014, um crescimento da renda e um mercado de trabalho apertado por diversas métricas e estimativas para o PIB – que têm sido sistematicamente revisadas para cima.

“Obviamente, todos nós, inclusive do Banco Central, vemos como um sucesso a possibilidade de as pessoas ganharem mais dinheiro, terem mais oportunidades, encontrarem mais empregos. Ninguém tem nenhum tipo de sentimento perverso para esperar o contrário”, comentou ela. “Mas a função do Banco Central é zelar pela inflação, é cuidar para que esses indicadores não se transformem em uma espécie de desordem que sinalize o crescimento da demanda em uma velocidade muito descompasso com o crescimento da oferta .”

Segundo as operadoras, as novas declarações de Galípolo ajudaram a impulsionar o mercado nesta segunda-feira, que teve um dia de recorde histórico na Bolsa e de queda do dólar.

Questionado durante o evento, Galípolo respondeu que nunca sofreu pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para agir em determinado sentido. “O que posso fazer é dar testemunho na direção oposta (ao intervencionismo de Lula).” Até o momento, Galípolo é o nome mais forte para substituir Roberto Campos Neto na presidência do BC (seu mandato termina no final do ano). A partir de 2025, a diretoria do BC será composta, em sua maioria, por membros indicados por Lula.