Dia Mundial sem Tabaco: cigarros matam 443 pessoas por dia no Brasil

Dia Mundial sem Tabaco: cigarros matam 443 pessoas por dia no Brasil



O dia 31 de maio é dedicado à conscientização sobre os riscos que o tabagismo traz à saúde. O Dia Mundial Sem Tabaco combate o consumo de cigarros, tabaco e aparelhos eletrônicos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de tabaco no Brasil vem diminuindo desde 2010 e reduziu em aproximadamente 35% no último ano. Além disso, houve queda nas taxas globais desde 2022. Mesmo assim, o tabagismo mata cerca de 443 pessoas por dia no Brasil e, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o cigarro é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão.

“Os malefícios do tabagismo são as doenças do aparelho cardiovascular, há problemas pulmonares como o aumento da probabilidade de agravamento de infecções e agravamento de asma, rinite, mas também a questão principal é a dependência da nicotina, que é justamente a substância responsável por deixar o corpo. fumantes expostos a mais de 4.700 substâncias tóxicas durante muitos anos. Porque, quando uma pessoa entra em contacto com a nicotina, a dependência instala-se e torna-se muito difícil deixar de fumar”, explica Mariana Pinho, coordenadora de tabaco da ACT promoção da saúde.

Cigarros eletrônicos: a moda entre os jovens também faz mal à saúde

Mesmo proibida desde 2009, a venda de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (EDFs), como cigarros eletrônicos, vapes e cápsulas, ocorre em todo o país. Vendedores ambulantes, lojas, sites e até aplicativos vendem produtos ilegais para qualquer pessoa e atraem principalmente os mais jovens.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2,3% da população brasileira usa cigarro eletrônico. Dos estudantes dos 13 aos 17 anos, 6,8% já experimentaram cigarros eletrónicos e 80% dos jovens dos 18 aos 34 anos já consumiram cigarros eletrónicos pelo menos uma vez.

Desde 2018, segundo a Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), o consumo aumentou quase 600% e hoje são cerca de 3 milhões de consumidores. Os dados mostram ainda que mais de 6 milhões de adultos já experimentaram o produto. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2023, 88 países regulamentam os cigarros eletrônicos e, em muitos deles, esses produtos são utilizados para reduzir os malefícios do consumo de nicotina.

Alexandro Lucian, presidente do Diretório de Informações para Redução de Danos ao Tabagismo (DIRETA) avalia que os DEFs têm sido eficientes para ajudar quem quer parar de fumar. “Os vaporizadores só devem ser recomendados para fumantes que não conseguem parar de fumar pelos métodos clássicos, como força de vontade, adesivos, gomas de mascar e medicamentos. Por outro lado, já se sabe que vaporizar é muito mais seguro do que fumar, por isso a mudança dos cigarros convencionais para os cigarros eletrónicos traz muitos benefícios”, acrescenta.

Porém, devido aos riscos à saúde, em 2009 foi aprovada a Resolução 46 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe a comercialização, importação e publicidade de DEFs, bem como seu uso em locais fechados, privados ou públicos. É importante dizer que o uso não é considerado crime, mas sim a venda, sujeita a pena de prisão de um a cinco anos, além de multa. A decisão foi confirmada em abril deste ano e proíbe a produção, comercialização e divulgação do vape no território nacional. O produto é ilegal no Brasil desde 2009, mas a entidade discutia a possibilidade de revisão da norma.

O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, desconsiderou o argumento de que outros países já debateram e regulamentaram o uso e a venda de cigarros eletrônicos. Segundo ele, a liberação não resolveu os problemas da dependência da nicotina e o uso do aparelho por jovens é preocupante. “Não há absolutamente nenhum país, no cenário internacional, em que esta discussão seja pacífica, calma e resolvida. Não há. As autoridades, especialmente as autoridades de saúde, têm de lidar com os desafios de conter os danos dia após dia”, observa.

#NoNicotine — Fumar entre os jovens

Nas redes sociais, principalmente no TikTok, a hashtag #semnicotine está crescendo. A marcação ficou famosa por meio da publicação de vídeos com relatos em uma espécie de “diário” de jovens que enfrentam dificuldades com o uso de cigarros —especialmente os eletrônicos. E há uma constante em quase todos os vídeos: a grande maioria destas pessoas não fumava cigarros “tradicionais” e não cresceu em lares com outros fumadores. Em geral, consideram-se saudáveis.

Estudos mostram que a dependência de vapes, cápsulas e cigarros eletrônicos é tão intensa quanto a dos cigarros convencionais. Isso porque esses aparelhos também contêm quantidades significativas de nicotina, que, além de causar dependência, acentua sintomas de estresse e ansiedade, motivando ainda mais o consumo.

O processo de parar de fumar

A melhor opção, tanto para quem fuma cigarro eletrônico quanto convencional, é sempre buscar ajuda para parar de fumar. “É sempre um bom momento para parar de fumar. As substâncias tóxicas se acumulam com o passar dos anos e aumentam cada vez mais a chance de desenvolver alguma doença associada, mas quando você deixa de usá-las começa a sentir benefícios”, comenta a especialista Mariana Pinho.

Segundo o Ministério da Saúde, o combate ao tabagismo esbarra no fato de o cigarro ser uma droga lícita, com razoável aceitação social, fácil acesso e custo. Porém, seguir alguns passos pode tornar esse caminho um pouco mais simples.

O ministério aponta 10 passos para quem quer parar de fumar, incluindo ter determinação, marcar um dia para parar e eliminar os gatilhos do tabagismo. Escolher um método, livrar-se das lembranças do cigarro e encontrar substitutos saudáveis ​​também estão entre as orientações. As recomendações incluem a busca de apoio médico e a troca de experiências em grupo de apoio.

O tratamento do tabagismo é oferecido no SUS com atendimento psicossocial, além de pastilhas e adesivos gratuitos. Mais informações podem ser obtidas no Disque Saúde 136.



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