Déficit de vagas no sistema carcerário brasileiro passa de 174 mil; no Rio Grande do Sul é de quase 10 mil

Déficit de vagas no sistema carcerário brasileiro passa de 174 mil; no Rio Grande do Sul é de quase 10 mil


Rio Grande do Sul registra o sexto maior déficit de vagas no sistema prisional do país

Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom

O Rio Grande do Sul registra o sexto maior déficit de vagas no sistema prisional do país. (Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom)

O Brasil tem um déficit de 174.436 vagas no sistema prisional, segundo o Relatório de Informações Criminais (Relipen), divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Segundo o levantamento, a população carcerária do país é de 663.906 presos, enquanto a capacidade das celas físicas é de 488.951 vagas.

Os dados, relativos ao período de janeiro a junho deste ano, mostram também que quase todos os presos são homens, com 634.617 encarcerados. A população feminina totaliza 28.770 reclusas, incluindo 212 grávidas e 117 lactantes. O relatório mostra ainda que 119 filhos de presidiários também estão em unidades prisionais.

Além disso, apenas as famílias de 19.445 presos recebem o auxílio-prisão. O benefício, atualmente no valor de um salário mínimo (R$ 1.412), é destinado a dependentes de pessoas de baixa renda presas em regime fechado e que tenham contribuído para a Previdência Social.

São Paulo é o Estado com maior número de presos, com 200.178 encarcerados. Em seguida vem Minas Gerais, com 65.545; Rio de Janeiro, com 47.331; Paraná, com 41.612; e Rio Grande do Sul, com 35.721.

Os Estados com menor número de presos são: Amapá, com 2.867; Roraima, com 3.126; Tocantins, com 3.738; Amazonas, com 5.069; e Alagoas, com 5.194.

São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro também são as unidades da Federação com os maiores déficits de vagas no sistema prisional: 45.979, 19.834 e 15.797, respectivamente. Em seguida vêm Pernambuco (12.646), Paraná (11.325) e, em sexto lugar, Rio Grande do Sul, com déficit de 9.883 vagas.

Enquanto isso, o Rio Grande do Norte tem superávit de 1.601 vagas; Maranhão tem superávit de 514; Mato Grosso em 132; e Tocantins em 19 lugares.

O relatório mostra ainda que o Brasil tem 183.806 presos provisórios. Destes, 174.521 são homens e 9.285 mulheres. Existem 360.430 reclusos em regime fechado, dos quais 346.225 são homens e 14.205 mulheres. Os presos semiabertos somam 112.980. As mulheres totalizam 4.761 presos e os homens, 108.219. Existem 4.774 presos em regime aberto, dos quais 4.372 são homens e 402 mulheres.

A pesquisa mostra ainda que 105.104 presos são monitorados com tornozeleira eletrônica e que a população em prisão domiciliar, que não utiliza tornozeleira eletrônica, aumentou 14,4%, passando de 100.433 em dezembro do ano passado para 115.117 em junho de 2024.

Trabalhar e estudar

O relatório aponta ainda que 158.380 presos exercem algum tipo de atividade laboral, dos quais 28.748 realizam trabalho ao ar livre e 129.632 realizam atividades na unidade prisional. São 146.476 homens e 11.904 mulheres que realizam algum tipo de trabalho relacionado às atividades rurais, agrícolas, industriais, artesanais, de serviços e de construção civil.

Em relação ao estudo, o documento mostra que 118.886 presos estão no ensino formal, seja em processo de alfabetização, no ensino fundamental, médio, superior ou em curso técnico com carga horária superior a 800 horas. Desse número, 108.978 são homens e 9.908 mulheres.

A maioria (57.442) frequenta o ensino primário, seja presencialmente ou à distância. Em seguida estão os que cursam o ensino médio, que totalizam 37.485. Em seguida vêm os presos em processo de alfabetização, com 19.908 pessoas. São 3.467 presos cursando ensino superior e 1.563 deles cursando cursos técnicos.

O relatório mostra ainda que o sistema prisional do país disponibiliza 1.763.464 livros nas unidades prisionais e que 30.212 presos exercem atividades de trabalho e estudo simultaneamente, sendo 27.874 homens e 2.338 mulheres.

Mortes

No período de janeiro a junho de 2024 foram registradas 1.064 mortes de presos. A maioria, 747, ocorreu por motivos de saúde, 100 foram criminais, 32 acidentais, 101 de causas desconhecidas e 84 suicídios.