Defesa do ex-deputado federal Daniel Silveira alega que erros de português de Alexandre de Moraes teriam levado à má interpretação

Defesa do ex-deputado federal Daniel Silveira alega que erros de português de Alexandre de Moraes teriam levado à má interpretação


Para o magistrado, o ex-parlamentar descumpriu as condições impostas para que pudesse sair da prisão. (Foto: Reprodução)

A defesa do ex-deputado Daniel Silveira prestou esclarecimentos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (27) sobre as violações do ex-parlamentar das condições impostas para progressão à liberdade condicional.

Silveira saiu da prisão no dia 20 de dezembro, em liberdade condicional, por ordem de Moraes, mas foi preso quatro dias depois por descumprir medidas cautelares, incluindo o horário do toque de recolher noturno, das 22h às 6h, inclusive finais de semana e feriados.

No documento com explicações, os advogados do ex-deputado afirmam que o uso incorreto da língua portuguesa na decisão de Moraes gerou um equívoco de interpretação por parte de Silveira.

“Notadamente, em um texto, é fundamental que seu conteúdo seja claro e objetivo, para que o leitor possa compreender o que está sendo dito. Quando elementos do texto, como verbos, pronomes ou adjetivos, são colocados de forma incorreta ou incorreta, esse entendimento, sem dúvida, pode ficar comprometido, como no presente caso”, sustenta a defesa.

Segundo a manifestação, pelo duplo sentido do texto, o ex-deputado entendia que poderia circular livremente todos os dias, bastando apenas respeitar o toque de recolher noturno entre 22h e 6h, e não que estava proibido de sair de casa nos finais de semana.

Por isso, os advogados argumentam que a decisão de revogar a liberdade condicional foi uma restrição ilegal e pedem que a medida seja restabelecida.

A defesa afirmou que houve um erro de sintaxe na preparação da decisão de Moraes. No documento, está escrito que Daniel Silveira estava proibido de sair do distrito e tinha a obrigação de ir para casa à noite, das 22h às 6h, bem como aos sábados, domingos e feriados.

“A expressão, assim como aos sábados, domingos e feriados, segunda oração, está diretamente ligada ao horário das 22h às 6h, e não a qualquer proibição de ausentar-se da residência nesses dias, integralmente, como levianamente alegou . Ou seja, Daniel Silveira poderia circular livremente de segunda a segunda, com coleta noturna começando às 22h e terminando às 6h”, alegou a defesa.

Os advogados também discordaram de informações da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap), que apontou diversas violações da área de cobertura da tornozeleira eletrônica.

“Como se pode verificar, não há denúncia de violação por parte da Seap no relatório oficial que lhe foi enviado, portanto, as acusações de violação para ir ao shopping são inverídicas e levianas, como fez questão de inserir, dando respaldo à os abutres da mídia para perseguir Daniel Silveira, com sátiras e mentiras”, acrescentou a defesa.

Entender

Na terça-feira (24), o ex-deputado foi preso pela Polícia Federal (PF) após descumprir a regra que estabelecia o horário das 22h para recolhimento noturno. A medida foi estabelecida na liberdade condicional, benefício que foi revogado por Moraes após o episódio. Segundo o ministro, no último fim de semana, Daniel Silveira deu entrada em um hospital, sem autorização judicial.

Segundo Moraes, Daniel Silveira não poderia passar o dia fora de sua residência. Na opinião do ministro, o comportamento demonstra que Silveira “ignorou” as condições da liberdade condicional.

Em 2023, o ex-deputado foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão pelos crimes de tentativa de impedir o livre exercício de poderes e coação durante o processo por meio de insultos e ameaças a ministros da Corte.

Na semana passada, Moraes autorizou a liberdade condicional da pena, mas o benefício foi cassado após descumprimento de medidas cautelares. A informação é da rádio Itatiaia e da Agência Brasil.