Custo Brasil na indústria volta a subir após alívio por juro baixo na pandemia

Custo Brasil na indústria volta a subir após alívio por juro baixo na pandemia


Metade (51%) da diferença do custo de produção no Brasil em relação a outros países vem dos impostos.

Foto: Reprodução

Metade (51%) da diferença do custo de produção no Brasil em relação a outros países vem dos impostos. (Foto: Reprodução)

O custo de produção da indústria brasileira voltou a se distanciar da média internacional, após um período em que as contas das empresas foram aliviadas pelo ciclo de flexibilização monetária que levou as taxas referenciais de juros do país aos mínimos históricos.

A inflexão é destacada por pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que estima quanto o chamado Custo Brasil custa aos produtos brasileiros em comparação aos concorrentes do exterior. Esta conta atingiu um pico de 35,9% na recessão económica de 2015/2016, mas depois diminuiu nos quatro anos seguintes, atingindo 17,3% em 2020, quando foram lançadas linhas de crédito emergenciais e a taxa básica em resposta à pandemia. a taxa de juros (Selic) caiu para 2%. Depois disso, porém, o Custo Brasil voltou a subir para 17,8%, em 2021, e 20,9%, em 2022, últimos dados disponíveis.

O cálculo é uma medida dos custos da indústria brasileira – incluindo impostos, juros, insumos, logística e serviços – que superam os da concorrência internacional. Apontado como principal fator de perda de competitividade da indústria de transformação, o Custo Brasil independe das estratégias de cada empresa, pois decorre de deficiências sistêmicas, que só podem ser mitigadas com políticas de Estado.

Na média histórica, que abrange um período de 15 anos até 2022, o Custo Brasil elevou os preços dos produtos da indústria brasileira em 24,1%. Ou seja, as desvantagens do ambiente de negócios fazem com que um produto que custaria US$ 100 custasse US$ 24 adicionais quando fabricado no Brasil.

Para chegar a esse número, a Fiesp faz um exercício sobre quais seriam os custos para uma indústria com características operacionais brasileiras se estivesse no exterior. A base de comparação utilizada pela entidade são os 15 países que mais exportam produtos industrializados para o Brasil – ou seja, aqueles que mais competem por espaço com as fábricas brasileiras no mercado interno –, incluindo, entre outros, China, Estados Unidos e Alemanha.

Metade (51%) da diferença do custo de produção no Brasil em relação a outros países vem dos impostos. Outros 23% são os maiores juros pagos pelas empresas no financiamento de capital de giro.

Infraestrutura insuficiente

Entre os dados observados, a pesquisa da Fiesp aponta que a carga tributária brasileira responde por 32,5% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto nos 15 países utilizados na comparação o percentual dos impostos no total produzido é de 26,5%. A alíquota de imposto sobre os lucros das empresas no Brasil, de 34%, é a mais alta entre todas as economias analisadas, com média de 26,1%. Os dados consideram médias de 15 anos, de 2008 a 2022. (AE)