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A Editorial Sul
| 11 de novembro de 2024
Antonio Gritzbach foi executado por dois homens encapuzados, que dispararam 29 tiros com rifles.
Foto: Reprodução
Antonio Gritzbach foi executado por dois homens encapuzados, que dispararam 29 tiros com rifles. (Foto: Reprodução)
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, assassinado no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, havia entregue ao Ministério Público (MP-SP) áudios de uma conversa entre um policial civil e um integrante do Primeiro Comando da Capital ( PCC), em que negociam valores para matá-lo. No diálogo, o valor de R$ 3 milhões é citado como possível recompensa pela morte do empresário.
A gravação foi entregue ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo após aprovação de acordo de delação premiada em abril de 2024. Vinícius colaborou com as investigações do MP-SP sobre acionistas de uma empresa de ônibus ligada ao PCC.
Na ligação, feita para o celular do policial e ouvida no viva-voz por Vinícius, o interlocutor discutiu valores e perguntou se os R$ 3 milhões seriam suficientes para “ordenar” o crime, revelou a coluna de Josmar Jozino, no UOL.
No áudio entregue pelo empresário, ele revela detalhes de como o PCC pretendia matá-lo. A motivação do ataque a Antônio Vinícius estaria ligada às declarações que ele fez sobre crimes cometidos pelo PCC.
Antônio Vinícius estaria envolvido no caso da morte dos traficantes Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, “Sem Sangue”, assassinados em dezembro de 2021 na zona leste de São Paulo. O suposto autor do crime, Noé Alves Schaum, também foi morto um mês depois.
Jozino destaca que, para o Departamento de Homicídios e Proteção Individual (DHPP), Antônio Vinícius havia mandado matar Cara Preta após receber R$ 40 milhões para investir em criptomoedas, desviar o dinheiro e ser descoberto. Após o golpe, o empresário passou a receber ameaças de morte.
Entender
A Corregedoria da Polícia Militar abriu inquérito para apurar o suposto envolvimento dos seguranças do denunciante com a facção criminosa. Os cinco seguranças de Gritzbach são integrantes da Polícia Militar (soldados, cabos e sargentos) e foram nomeados pelo mesmo tenente. Após desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, Gritzbach foi executado por dois homens encapuzados, que efetuaram 29 tiros com fuzis.
Após o assassinato, os fiscais revisitaram o Inquérito Policial Militar (IPM) e verificaram que os nomes dos seguranças de Gritzbach já constavam na investigação. Agora, eles vão combinar as informações contidas no IPM com os novos elementos, obtidos principalmente após a apreensão dos celulares dos policiais que trabalhavam para Gritzbach.
“Já existe um inquérito policial militar instaurado pela Corregedoria da Polícia Militar que apura a conduta criminosa dos referidos policiais militares. Não apenas aqueles que estavam realizando a escolta naquele dia, mas possivelmente outros policiais militares envolvidos com algum indivíduo da facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Já se passou mais de um mês desde que esta investigação foi lançada e está sendo instruída pela corregedoria. E por que só estou relatando isso agora? Porque funciona em sigilo, obviamente”, disse o secretário de Segurança, Guilherme Derrite, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (11).
“Os celulares de todos esses policiais que estavam no aeroporto de Guarulhos naquele dia foram apreendidos e eles já foram acionados pela Corregedoria da Polícia Militar e terão que explicar o que estavam fazendo, pois só o simples fato de realizarem um serviço já constitui uma transgressão disciplinar. o que além disso não era permitido, estavam fazendo isso com um criminoso”, acrescentou.
Gritzbach estava acompanhado por um segurança durante o voo de Maceió para São Paulo, antes de ser executado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Ele e a namorada carregavam uma mala com joias avaliadas em R$ 1 milhão. Inicialmente, a informação era que apenas quatro seguranças o aguardavam em São Paulo.
O soldado Samuel Tillvitz da Luz, do 18º Batalhão Metropolitano, é o quinto integrante da escolta pessoal do empresário. Ele prestou depoimento à Corregedoria da PM. Samuel disse que trabalha para Gritzbach há um ano. Na sexta-feira, antes do avião pousar, ele contatou a equipe em terra (formada por outros quatro PMs) pelo celular.
Quando a equipe de solo informou que a área era segura, Samuel desembarcou com Gritzbach e sua namorada. Ele relatou que, após passar pela porta de vidro da entrada, se posicionou em frente ao casal, quando ouviu o som de tiros.
O segurança escondeu-se então atrás de um autocarro estacionado e “saiu a pé pelo seu lado direito, subindo um talude e acedendo à estrada que dá acesso ao piso superior do aeroporto”. À Corregedoria, ele explicou que estava em desvantagem, por isso decidiu proteger a própria vida. Os policiais militares, que faziam escolta pessoal ao denunciante do PCC, foram indicados para realizar o trabalho ilegal por um tenente da PM.
A prática de biscates, como segurança privada, é proibida pelo Regulamento Disciplinar da PM e é classificada como infração grave. A informação foi registrada nos depoimentos de três policiais à Corregedoria da PM e ao Departamento de Homicídios e Proteção Individual (DHPP), responsáveis pelas investigações.
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Crime no aeroporto: gravação mostra como PCC ofereceu R$ 3 milhões para denunciante de homicídio
11/11/2024
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