Covid: desenvolvimento da Butanvac é suspenso após vacina não atingir resultados nos estudos de fase 2

Covid: desenvolvimento da Butanvac é suspenso após vacina não atingir resultados nos estudos de fase 2


A primeira fase de desenvolvimento da Butanvac foi autorizada pela Anvisa em junho de 2021.

Foto: Divulgação

A primeira fase de desenvolvimento da Butanvac foi autorizada pela Anvisa em junho de 2021. (Foto: Divulgação)

A Butanvac, candidata à vacina contra a covid desenvolvida pelo Instituto Butantan, não alcançou o resultado esperado na fase 2 do estudo. Com isso, o instituto suspenderá os estudos com a vacina.

Em nota, o Butantan afirmou que a Butanvac dobrou a quantidade de anticorpos contra a doença após 28 dias de sua aplicação. A meta esperada era induzir quatro vezes a produção de anticorpos, número alcançado pela vacina já disponível para a população.

“O Instituto Butantan havia discutido e acertado com a Anvisa que o desempenho da vacina não deveria ser inferior às vacinas atualmente utilizadas pelo SUS para proteção contra a Covid. Com isso, o IB não dará continuidade ao desenvolvimento da Butanvac”, afirmou o instituto.

Segundo o diretor do Instituto Butantan, Esper Kállas, o ensaio clínico cumpriu o seu papel e que há respeito absoluto ao processo científico e aos resultados.

“Neste caso, o resultado não demonstrou a imunogenicidade esperada. Portanto, paramos o desenvolvimento e continuamos desenvolvendo rotas mais promissoras”, afirmou.
O instituto já havia enfrentado problemas ao longo dos estudos, com falta de voluntários não vacinados e pedidos de reajuste das pesquisas por parte da Anvisa.

A Butanvac, anunciada pela primeira vez em março de 2021, utiliza uma tecnologia conhecida como “produção por inoculação em óvulos embrionados”. Utiliza como vetor o vírus da doença de Newcastle, que infecta aves, mas não causa sintomas em humanos. Portanto, o vírus se desenvolve dentro de ovos embrionados de galinha.

Durante a fase 1, a vacina apresentou boas taxas de segurança e resposta imunológica. Menos de um terço dos participantes experimentaram efeitos adversos, mas nenhum caso grave foi registrado.

Falta de voluntários

Inicialmente previsto para começar e terminar em 2021, com duração de 17 semanas, o estudo clínico da Butanvac precisou ser reformulado devido ao rápido avanço da cobertura vacinal no Brasil a partir do segundo semestre do ano passado.

A falta de voluntários não vacinados acabou atrasando a conclusão da fase 1, que visava determinar se a vacina é segura.

O Butantan recebeu mais de 90 mil inscrições de voluntários, mas a maioria não atendia mais aos critérios da pesquisa. A solução encontrada na época foi ampliar as cidades participantes.

A Fase 1 foi concluída em 7 de fevereiro de 2022, quase sete meses após seu início.