Corregedoria pede prisão de PM que jogou homem de ponte e dá recado a tropa

A Corregedoria da Polícia Militar solicitou na tarde desta quarta-feira (4) a prisão preventiva (sem prazo) do policial Luan Felipe Alves filmado jogando homem da ponteno bairro Cidade Ademar, em São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (2).

A Folha de S.Paulo apurou que o pedido de prisão é a primeira medida tomada pelo comando da corporação para indicar aos militares que comportamentos violentos fora dos estipulados pelas diretrizes não serão mais tolerados. A reportagem fez ligações para o advogado que representa o policial, na tarde desta quarta-feira, mas não foram atendidas.

O cenário de violência policial gratuita abriu uma crise na cúpula da Polícia Militar e na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) e expõe a atuação de Guilherme Derrite à frente do departamento de segurança.

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas, afirmou que entre os recentes casos de violência policial no estado, destaca-se o episódio em que um agente jogou um homem de uma ponte no bairro Cidade Ademar, na zona sul zona da capital, é o mais preocupante. Ele classificou isso como “um erro emocional”.

“Considero um erro básico. Um erro emocional de jogar o menino ali. Foi quase infantil, alguma coisa assim. Cometa um erro básico, você será julgado por isso”, disse ele em entrevista à Folha de S.Paulo nesta terça-feira (3) na sede do comando da PM, no centro da capital paulista.

Pelas redes sociais, o governador Tarcísio de Freitas declarou nesta terça-feira (3) que o policial militar “chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte” não tem condições de vestir o uniforme da corporação.

Na publicação, o governador afirmou ainda que os casos serão “investigados e punidos rigorosamente”.

Ainda pela manhã, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, postou mensagem em suas redes sociais dizendo que o legado do PM não pode ser manchado por “conduta pouco profissional”.

“Ações isoladas como essa não podem denegrir a imagem de uma instituição que há quase 200 anos presta bons serviços à nossa população no Estado de São Paulo. Não toleraremos qualquer tipo de má conduta de qualquer policial no Estado de São Paulo” , ele afirmou.

O CASO

Os agentes de segurança envolvidos na perseguição pertencem à Rocam (Patrulha Ostensiva com Apoio de Motocicleta) do 24º Batalhão da Polícia Militar, sediado em Diadema, na Grande São Paulo. As imagens mostram quatro policiais em um incidente com um motociclista.

Um dos policiais é visto levantando uma motocicleta do chão. Em seguida, mais dois agentes se aproximam e o primeiro PM encosta o veículo próximo à ponte. Um quarto agente então se aproxima segurando um homem de camiseta azul e, ao se aproximarem do muro de segurança, o PM o levanta pela perna e o joga da ponte, em direção a um riacho.

Testemunhas disseram que o viram quando ele saiu do riacho. Um deles, que não quis se identificar, disse à Folha de S.Paulo que o homem caiu no concreto e saiu com a cabeça machucada e a testa sangrando.

A notícia de mais um caso de violência policial ocorre num contexto em que o governo Tarcísio é acusado de aumentar a letalidade da corporação e após outros casos de abuso de força.

Nos dados acumulados de janeiro a setembro, o número de pessoas mortas por policiais militares em serviço no estado de São Paulo cresceu 82% na comparação dos primeiros nove meses de 2024 com o mesmo período de 2023. Foram 474 mortes registradas desde janeiro. até setembro deste ano. ano, ante 261 em 2023, segundo dados divulgados pela SSP.

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Na capital paulista, nos primeiros nove meses deste ano, 193 pessoas foram mortas em ações envolvendo policiais militares em serviço. O número é 93% superior ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 100 casos.