Conab vai comprar trigo do RS para formar estoques

Conab vai comprar trigo do RS para formar estoques


A Conab irá adquirir trigo tipo 1, destinado ao consumo humano, como a fabricação de pães. (Foto: Embrapa/Divulgação)

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai adquirir até 200 mil toneladas de trigo de produtores gaúchos para formar estoques públicos por meio de Aquisição do Governo Federal (AGF). A previsão é investir até R$ 261 milhões na medida, com recursos de crédito extraordinários que já foram liberados para que a estatal atue na catástrofe climática do Estado.

O preço de mercado do trigo gira em torno de R$ 67 a saca de 60 quilos no Rio Grande do Sul, abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo de R$ 78,51. “É aí que precisamos intervir, mas continuaremos observando a situação do Rio Grande do Sul e dos demais estados produtores”, afirmou o presidente da Conab, Edegar Pretto, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (7).

A Conab irá adquirir trigo tipo 1, destinado ao consumo humano, como a fabricação de pães. A previsão é que as operações comecem na próxima semana. A estatal ainda definirá o limite de participação dos produtores gaúchos, que deverá ficar em torno de 2 mil a 3 mil sacas de 60 quilos para venda à empresa.

Assim que as condições forem anunciadas, os agricultores gaúchos poderão procurar a rede credenciada de armazéns do Estado para realizar seus negócios. O produto será avaliado e classificado por técnicos da estatal. O preço de entrada oferecido pela Conab será o mínimo para a safra (R$ 78,51), mas poderá haver descontos em caso de perda de qualidade do cereal.

Estratégia

O diretor de Política Agrícola e Informação da Conab, Sílvio Porto, disse que a intenção da operação é reter o trigo no mercado interno para retornar ao mercado na entressafra em 2025, com capacidade para substituir possíveis importações.

Ele admitiu que o volume é pequeno, mas que é importante para a retomada da formação dos estoques públicos, e destacou que o governo já aguarda uma reação nos preços de mercado com o anúncio do AGF.

A futura libertação de stocks será feita em momento oportuno, destacou Porto, de acordo com a composição de valor feita pela estatal, que abrange o preço mínimo e o custo da operação.

Mercado

“Vamos monitorar a reação do mercado. À medida que chega ao ponto que entendemos que ela começa a afetar o preço em relação ao possível impacto na inflação, é nesse momento que colocaríamos a ação no mercado. Sabemos que o volume não é tão significativo, mas é importante retomar, recompor uma política de extrema relevância para o abastecimento interno”, destacou.

“Este anúncio provocará uma reação nos preços. Com isso, pode até não ser necessário formar um estoque grande, os produtores podem nem oferecer um volume tão grande, mas o importante é que os produtores saibam que se for preciso disponibilizar o trigo para a Conab, nós estão dando apoio”, acrescentou.

Porto destacou que as chuvas afetaram a qualidade do cereal produzido no Estado, responsável por 51% da safra nacional, mas que até o momento não foi detectada nenhuma redução significativa no volume de produção. A estimativa é de uma colheita de 4,1 milhões de toneladas este ano no Rio Grande do Sul. O Brasil deverá colher 8,2 milhões de toneladas.

Segundo o diretor, cerca de 40% dos cereais do Rio Grande do Sul serão do tipo alimentício e 60% do tipo pão, de excelente qualidade.

No Paraná, segundo maior produtor de trigo do país, a situação é mais “vantajosa”, pois a safra começa a ser colhida mais cedo e não tem enfrentado tantos problemas com chuvas, o que tem mantido o preço de mercado acima do mínimo, disse ele. . Porto.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse que a medida fortalece a economia do Rio Grande do Sul e atende populações que não foram diretamente afetadas pelas chuvas e enchentes. “Há muitos que não foram afetados pelas chuvas e cujas economias foram afetadas pelas consequências dessa crise climática”, afirmou.

A mais recente operação da AGF para compra de trigo havia sido realizada em 2014. No ano passado, a Conab realizou as operações Pep (Prêmio de Saída de Produto) e Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural e/ou sua Cooperativa) para escoar 479 mil toneladas de trigo. trigo, ao custo de R$ 255,7 milhões. As informações são do Globo Rural.