Comissão da Câmara dos Deputados adia votação da proposta que limita decisões individuais de ministros do Supremo

Comissão da Câmara dos Deputados adia votação da proposta que limita decisões individuais de ministros do Supremo


Deputados aliados ao governo agiram para impedir o avanço da proposta nesta terça; comissão analisa pacote que restringe competências do STF

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

(Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara adiou, nesta terça-feira (27), a votação da proposta que limita decisões monocráticas (individuais) de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

A Proposta de Emenda à Constituição foi solicitada para revisão (mais tempo para análise) pelos deputados do governo. Anteriormente, deputados aliados ao governo também tentaram bloquear a proposta com pedido de retirada de pauta, mas o pedido foi rejeitado.

Na reunião, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) foi apontado como novo relator. Anteriormente, o relator era do deputado Filipe Barros (PL-PR), líder da oposição na Câmara.

Segundo a presidente da CCJ, deputada Carol De Toni (PL-SC), o relator anterior não pôde comparecer à reunião porque tinha agenda marcada com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em relatório favorável, Van Hattem argumentou que a PEC não fere a legislação vigente nem infringe a Constituição. “O instrumento de decisão monocrática é frágil em comparação com as decisões colegiais, pois pode ser revertido a qualquer momento”, explicou.

Para ele, a proposta é “absolutamente equilibrada” e evitará os chamados “golpes” de ministros. O texto foi aprovado pelo Senado em 2023. Segundo a PEC, são proibidas decisões monocráticas que suspendam a eficácia de leis ou atos dos presidentes da República, do Senado, da Câmara ou do Congresso Nacional. A proposta vale para o STF e outros tribunais superiores, como o Superior Tribunal de Justiça e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Somente são autorizadas decisões monocráticas tomadas durante o período de recesso, em casos de grave urgência ou perigo de danos irreparáveis. Nestes casos, a medida deverá ser avaliada pelos demais ministros em até 30 dias corridos após a retomada dos trabalhos judiciais.

O pedido de revisão foi solicitado pelos deputados Orlando Silva (PC do B-SP), Chico Alencar (Psol-RJ) e Patrus Ananias (PT-MG). Com a medida, o texto sai de pauta e deve retornar à pauta após o período de duas sessões deliberativas do Plenário.

Por conta das eleições municipais, os deputados acertaram datas específicas para votação. A comissão ainda não tem reuniões marcadas para a próxima semana.

Pacote contra o STF

Nesta terça-feira, a CCJ realizará reunião para analisar quatro propostas que limitam as competências do STF. As propostas foram orientadas pela deputada Caroline de Toni em meio às negociações do STF com o Congresso e o Executivo sobre emendas parlamentares.

O STF suspendeu o pagamento dos recursos até que o Congresso defina critérios de transparência e rastreabilidade dos recursos. Foi alcançado um acordo entre representantes dos Três Poderes e os ajustes ainda estão sendo definidos pelos poderes Executivo e Legislativo.

Em defesa do pacote que visa o STF, o deputado Éder Mauro (PL-PA) afirmou que o “Judiciário está fazendo o papel do Legislativo”. Por outro lado, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) avaliou o encontro como uma “sessão de vingança”

“Trata-se de mera reação à suspensão – já sujeita a acordo dos Três Poderes – de emendas parlamentares. Não é assim que se legisla, não é assim que se avança no marco jurídico do país”, disse Chico Alencar (Psol-RJ).