Com Trump de novo no poder, governo Lula teme esvaziamento da COP30 em Belém do Pará

Com Trump de novo no poder, governo Lula teme esvaziamento da COP30 em Belém do Pará


Lula acredita que há grandes chances de o republicano “boicotar” a definição de novas metas climáticas para 2035.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Lula acredita que há grandes chances de o republicano “boicotar” a definição de novas metas climáticas para 2035. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O governo brasileiro teme o colapso da COP30 com a vitória do republicano Donald Trump nas eleições americanas. O principal temor dos assessores diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma possível decisão de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris — assim como Trump fez em seu primeiro governo.

Mesmo com a permanência dos Estados Unidos, o governo Lula acredita que há grandes chances de o republicano “boicotar” a definição de novas metas climáticas para 2035. Na COP30, que terá Belém (PA) como sede em novembro de 2025, os países devem apresentar as suas metas intermédias para a redução dos gases com efeito de estufa. Muitas nações desenvolvidas comprometeram-se com o “net zero” (emissões líquidas zero) até 2050.

Para que este não seja apenas um compromisso de longo prazo, com pouco a ser verificado ao longo do caminho, são definidas metas intermediárias — que atualmente vão até 2030. A COP30 irá estendê-las até 2035.

Sem uma nova meta dos Estados Unidos, que é o principal emissor global junto com a China, o governo brasileiro prevê um nível de ambição muito mais limitado na conferência do clima. Ainda há uma questão de peso político. O presidente Joe Biden nomeou John Kerry como enviado especial da Casa Branca para o clima no início do seu mandato.

Kerry teve a relevância de ex-secretário de Estado e ex-candidato presidencial pelo Partido Democrata. Ninguém imagina, no Palácio do Planalto, alguém com esse peso sob Trump. Outro aspecto a ser discutido na COP30 é o financiamento de ações de mitigação e adaptação ao aquecimento global. Os países emergentes e mais pobres querem recursos para estas ações.

Exigem frequentemente a libertação anual de 100 mil milhões de dólares — a promessa do Acordo de Paris — para financiamento climático. Sob uma administração Trump, acredita-se que será praticamente impossível extrair recursos financeiros dos Estados Unidos para isso.

Lula parabeniza Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou, nesta quarta-feira (6), o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. O petista desejou sorte e pregou o diálogo e o trabalho conjunto pela paz.

“Os meus parabéns ao presidente Donald Trump pela sua vitória eleitoral e pelo seu regresso à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para ter mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, disse Lula.

Lula fez as declarações em postagem em rede social. Na semana passada, em entrevista a um meio de comunicação francês, o petista declarou seu apoio à democrata Kamala Harris. Na época, o presidente brasileiro disse que a vitória de Kamala era um caminho mais seguro para o fortalecimento da democracia no mundo e que torcia por ela.

A vitória de Trump foi anunciada por volta das 7h35 desta quarta-feira. O resultado foi anunciado depois de alcançada uma margem segura de votos em que já não era possível ser superado pela democrata Kamala Harris, ainda que a contagem dos votos em todo o país não tivesse sido totalizada.