Castelhano já é um dos idiomas mais ouvidos nas praias de Santa Catarina neste verão

Castelhano já é um dos idiomas mais ouvidos nas praias de Santa Catarina neste verão


Câmbio inverte situação e agora são os argentinos que viajam mais barato para o Brasil. (Foto: Reprodução)

O espanhol é ouvido com frequência nas praias de Santa Catarina. Um sinal da presença dos argentinos, que “invadiram” cidades como Florianópolis e Balneário Camboriú, motivados pela desvalorização do real e pela redução dos custos de estadia no Brasil.

A prefeitura de Santa Catarina estima que o fluxo de argentinos na cidade entre novembro e março seja 15% maior que no mesmo período anterior. Com isso, quase 260 mil visitantes “Hermanos” deverão passar até o final do verão.

Os brasileiros na cidade dizem que muitas vezes são abordados em espanhol, por trabalhadores que oferecem cardápio de restaurante ou roteiro turístico. Depois precisam explicar que falam português.

É a retomada de um movimento histórico – as praias catarinenses sempre estiveram entre as preferidas dos argentinos, mas a crise socioeconômica que se agravou sob governos peronistas e a pandemia mudaram esse hábito do verão. Os vendedores ambulantes comemoram – dizem que os estrangeiros gastam mais que os turistas locais.

A professora Eva Sanches aproveitou a cotação favorável para retornar a Floripa após sete anos. “Agora que as coisas estão mais estabilizadas (na Argentina) e as crianças terminaram a escola, decidimos vir”.

Foram 2.026 quilômetros de estrada e dois dias de carro até o destino, mas ela diz que o esforço vale a pena. “Passar as férias em Córdoba (norte argentino), e somos de lá, custaria mais ou menos o mesmo que vir para cá”.

Em um grupo de nove pessoas, Eva e a família não hesitaram, por exemplo, em fazer o passeio que sai da praia do Campeche até a ilha de mesmo nome – R$ 300 por pessoa.

O site Turismocity, um dos principais buscadores de campos e promoções da Argentina, registrou aumento de 500% na busca por destinos brasileiros nesta temporada. E de 2023 a 2024, o Aeroporto Internacional de Navegantes, o mais próximo de Balneário Camboriú, passa a contar com voos diretos do país.

Brenda Pereira, vendedora de bebidas de praia do Campeche, está satisfeita com o movimento. “Os argentinos compram cerca de 75% mais que os brasileiros”, diz ela, que trabalha na praia há cinco anos.

Segundo Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, metade da ocupação hoteleira da cidade deverá ser estrangeira. Destes, 70% são argentinos, mas também há uruguaios, paraguaios e chilenos.

Segundo Lauro Mattei, professor e pesquisador de economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “desde a década de 1990, o dólar tem forte circulação na economia argentina, de modo que a maior parte das transações econômicas tem como referência a moeda americana, o que facilita transações em todas as esferas. “Para ele, isso favorece a vinda de turistas, principalmente de classe média e alta.