Câmara dos Deputados pauta urgência de projeto que equipara aborto ao homicídio

Câmara dos Deputados pauta urgência de projeto que equipara aborto ao homicídio


Atualmente, não há prazo máximo no Código Penal para o aborto legal.

Foto: Ag. Câmara

Atualmente, não há prazo máximo no Código Penal para o aborto legal. (Foto: Ag. Câmara)

O pedido de urgência do Projeto de Lei nº 1.904/2024, que equipara o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao homicídio simples, está na pauta do plenário da Câmara dos Deputados desta quarta-feira (5). a pena máxima para quem realiza o procedimento.

Além disso, o texto fixa o prazo máximo para o aborto legal às 22 semanas de gestação. Hoje em dia a lei permite o aborto em casos de violação; condição de risco de vida para mulheres e anencefalia fetal (quando o cérebro fetal não está formado). Atualmente, não há prazo máximo no Código Penal para o aborto legal.

De autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL/RJ), o texto conta com a assinatura de 32 parlamentares. Caso o pedido de urgência seja aprovado, o texto poderá ser apreciado no Plenário a qualquer momento, sem a necessidade de passar pelas comissões da casa, o que agiliza a tramitação da medida.

Atualmente, o aborto não previsto em lei é punido com penas que variam de um a três anos, quando provocado pela gestante ou com seu consentimento, e de três a dez anos, quando realizado sem o consentimento da gestante. Se o projeto for aprovado, a pena máxima para estes casos será de 20 anos nos casos cometidos durante 22 semanas, a mesma do homicídio simples previsto no artigo 121 do Código Penal.

Ao justificar o projeto, o deputado Sóstenes argumentou que “como o Código Penal não estabelece limites máximos de idade gestacional para a realização da interrupção da gravidez, o aborto poderá ser praticado em qualquer idade gestacional, mesmo quando o nascituro já seja viável”.

Segundo o parlamentar, o aborto após 22 semanas deveria ser visto como homicídio. “Quando o Código Penal foi promulgado, o aborto no último trimestre era uma realidade impensável e, se fosse possível, ninguém lhe chamaria aborto, mas sim homicídio ou infanticídio”, destacou.

O projeto deve sofrer resistência no plenário. A liderança do bloco PSOL/PV, deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP), disse à Agência Brasil que o texto busca criminalizar as vítimas de estupro que têm direito ao aborto legal.

“Para a extrema direita, crianças sendo mães ou presas após serem estupradas deveria ser normal no Brasil”, disse o parlamentar, acrescentando que os apoiadores do projeto querem que “os estupradores tenham o direito de serem pais, ao mesmo tempo em que colocam crianças na cadeia, mulheres e grávidas que sofreram a pior violência de suas vidas”.

Segundo a liderança, a medida penaliza os profissionais de saúde que trabalham no cuidado de mulheres e crianças vítimas de violação que procuram acesso a cuidados e apoio no sistema de saúde.