Brasil tem mais de 43 mil pessoas à espera por um transplante

Brasil tem mais de 43 mil pessoas à espera por um transplante


De cada 14 pessoas aptas a doar, apenas duas realmente se tornaram doadoras.

Foto: Reprodução

De cada 14 pessoas aptas a doar, apenas duas realmente se tornaram doadoras. (Foto: Reprodução)

Neste momento, 43.700 pessoas aguardam uma chamada que poderá mudar as suas vidas: o anúncio de que “encontraram um doador”. O Brasil é referência em transplante de órgãos, quarto lugar no mundo em número absoluto de transplantes. Ainda assim, o número de procedimentos realizados não dá conta da fila.

Desde o início do ano, por exemplo, foram realizados 4,7 mil transplantes. O número representa pouco mais de 10% dos pacientes que aguardam uma doação. E a fila cresce a cada dia.

A maior procura é por transplantes renais: são 40 mil pessoas. O médico Gustavo Fernandes, diretor do programa de transplantes da Santa Casa de Juiz de Fora, explica que o rim é o órgão mais afetado pelas doenças mais comuns no Brasil, como diabetes e hipertensão.

Espere

A média de espera é de 18 meses, mas esse tempo pode variar dependendo do tipo de transplante, do estado de saúde do paciente e do volume de doadores.

O paciente Luiz Perillo precisa de um transplante multivisceral: são cinco órgãos que precisam ser doados pela mesma pessoa, o que torna o processo mais complexo e demorado. Foram três anos de espera.

A lista de espera é administrada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é única – inclui pacientes da rede pública e privada. A ordem é cronológica, mas também leva em consideração o estado de saúde do paciente.

Por exemplo, alguém que precisa de um rim e está apto a fazer hemodiálise pode estar diante de um paciente com saúde mais frágil aguardando o mesmo órgão. Porém, o paciente com a saúde mais debilitada é atendido primeiro.

No ano passado, o país bateu recorde no número de pessoas doando órgãos. No entanto, de cada 14 pessoas aptas a doar, apenas duas se tornaram doadoras.

Ou seja, o número de doações poderá mais que triplicar. Levando em consideração que cada pessoa que doa pode salvar até oito pessoas, isso pode mudar a história de muitas pessoas que aguardam.

Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), isso acontece por dois fatores:

Identificação da morte encefálica: após a morte, o processo e a preparação para a doação precisam ser rápidos. Se não houver resposta imediata, perde-se a oportunidade de transplante.

Autorização familiar para doação: esse ainda é o principal motivo de impedimento da doação.
No Brasil, mesmo que a pessoa se declare doadora, o que pode ser feito na carteira de identidade ou por meio de certidão online, quem tem a palavra final é a família.