Brasil quer evitar debate sobre Venezuela em cúpula de combate ao extremismo

Brasil quer evitar debate sobre Venezuela em cúpula de combate ao extremismo


O governo brasileiro quer a escalada autoritária na Venezuela fora das discussões.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governo brasileiro quer a escalada autoritária na Venezuela fora das discussões. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O governo brasileiro quer a escalada autoritária na Venezuela fora das discussões de cúpula sobre a propagação do extremismo no mundo. Convocado pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Espanha, Pedro Sánchez, que divergem sobre a resposta ao ditador Nicolás Maduro, o evento está marcado para 24 de setembro, em Nova Iorque. Para os assessores palacianos, é preciso conciliar opiniões sobre ameaças à democracia entre os países participantes do fórum, e isso será impossível caso venha à tona a crise política da ditadura venezuelana —com o potencial de criar uma corda bamba que impeça a construção de um anúncio sobre a reunião.

A cimeira “Em defesa da democracia: combater o extremismo” decorrerá à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, e contará com a presença dos presidentes Emannuel Macron (França), Justin Trudeau ( Canadá), Gustavo Petro (Colômbia) e Gabriel Boric (Chile), além de Lula e Sánchez. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também é esperado.

Os organizadores são exemplos da divergência em relação à Venezuela. Enquanto o Brasil optou por manter o diálogo com Caracas, embora sem reconhecer a vitória eleitoral de Nicolás Maduro, a Espanha concedeu asilo político a Edmundo González, candidato da oposição na Venezuela que deixou seu país após sofrer perseguição política.

Apesar do desejo do Brasil de focar em “elementos comuns” entre os países que enfrentam ameaças à democracia, o governo não descarta mencionar a Venezuela por outros países. Pela esquerda, Boric é um crítico ferrenho do regime bolivariano e exige uma elevação de tom de Lula. O presidente do Brasil, porém, deverá focar sua participação no fórum nas discussões em torno do extremismo de direita e do papel das redes sociais na disseminação de notícias falsas.

Lula terá extensa agenda em Nova York na próxima semana. Além de participar da Assembleia Geral da ONU e do evento sobre democracia e extremismo, o presidente discursará na Cúpula do Futuro e terá reuniões bilaterais.

Repressão

O governo de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, “intensificou dramaticamente” a repressão política aos protestos após as eleições presidenciais de julho deste ano, segundo um relatório da missão de averiguação das Nações Unidas (ONU).

O documento foi publicado nesta terça-feira (17), informou a Reuters. Segundo o relatório, as autoridades venezuelanas agiram para desmantelar e desmobilizar a oposição, inibir a divulgação de informações independentes e opiniões críticas e prevenir protestos pacíficos de forma “consciente e deliberada”.