Bolsonaro quer arquivar caso das joias, após decisão do Tribunal de Contas da União favorável a Lula

Bolsonaro quer arquivar caso das joias, após decisão do Tribunal de Contas da União favorável a Lula


O advogado do ex-presidente usará a decisão da Corte favorável a Lula como argumento de defesa. (Foto: EBC)

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitará o resultado do julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU), que decidiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode permanecer com um relógio de ouro que lhe foi dado presente em seu primeiro mandato, para tentar cancelar a investigação do caso das joias na Arábia Saudita. O advogado Paulo da Cunha Bueno, que defende o ex-presidente, usará a decisão da Corte como argumento de defesa.

“É uma decisão acertada, vamos utilizá-la na defesa de Bolsonaro no caso das joias. Não há legislação específica e o TCU estava legislando, como bem destacou o ministro Jorge Oliveira”, disse o advogado de defesa de Jair Bolsonaro ao jornal O Estado de S. Paulo. O caso do presidente Lula abriu portas para rediscutir o caso do ex-presidente recebendo joias.

TCU

Na quarta-feira (7), o TCU decidiu que não existe uma norma que defina o conceito de “bens de caráter personalíssimo” e de alto valor de mercado. Com esse entendimento, o órgão propôs que, até que haja uma lei específica regulamentando e definindo esses conceitos, não é possível definir que os artigos recebidos durante o mandato possam ser classificados como bens públicos.

Dessa forma, o órgão afirmou que não havia necessidade de Lula devolver o presidente, recebido em 2005, à União. A posição do órgão abre caminho para a discussão se Bolsonaro cometeu ilegalidades ao ficar com itens de luxo que lhe foram dados pela Arábia Saudita. No ano passado, o TCU determinou que o ex-presidente devolvesse à União joias de luxo que recebeu da Arábia Saudita e que foram omitidas da Receita Federal. Segundo as investigações, o valor das joias é estimado em R$ 6,8 milhões.

A decisão do tribunal baseou-se numa resolução judicial de 2016, que estabeleceu que o recebimento de presentes em cerimónias com outros chefes de Estado deveria ser considerado propriedade pública, excluindo apenas itens de natureza considerada muito pessoal.

Investigação da Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes de associação criminosa (com pena de prisão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e desvio/apropriação de bens públicos (2 a 10 anos). 12 anos) no caso de joias. Cabe agora à PGR (Procuradoria-Geral da República) decidir se vai denunciá-lo e depois ao STF (Supremo Tribunal Federal) torná-lo réu.