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A Editorial Sul
| 4 de julho de 2024
Quando era presidente, Bolsonaro recebeu do governo saudita três pacotes de joias avaliados em R$ 16,5 milhões. (Foto: Reprodução)
A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-assessor Mauro Cid e outras dez pessoas no inquérito que investiga o desvio de joias do acervo presidencial. Os crimes atribuídos aos dois primeiros são peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se apresenta queixa ou pede o arquivamento do processo.
A defesa de Bolsonaro não se manifestou. Ao longo da investigação da PF, os advogados afirmaram que ele agiu dentro da lei” e “declarou oficialmente os bens muito pessoais recebidos nas viagens”. Esses itens, na opinião dos advogados, deveriam fazer parte de seu acervo particular, sendo por ele levados ao final do mandato.
Uma decisão de 2016 do Tribunal de Contas da União (TCU), porém, prevê que os objetos de luxo recebidos pelas autoridades sejam incorporados ao acervo público do Estado, com exceção dos “itens de caráter muito pessoal”, que não incluem joias.
O advogado de Cid deu algumas versões de seu cliente sobre a venda de joias. Numa das últimas, afirmou que o soldado vendeu o Rolex a pedido de Bolsonaro e que o pagamento do relógio foi dado ao ex-presidente ou à primeira-dama.
Além do ex-presidente e de Cid, a PF também indiciou o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de campo, o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, o advogado Fabio Wajngarten e ex-assessores do ex-presidente. Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara.
Eles são suspeitos de participar de um esquema de apropriação irregular de pelo menos quatro kits de joias recebidos por Bolsonaro como chefe de Estado. Os conjuntos, que incluem relógios, abotoaduras, rosários, esculturas e anéis, foram entregues por autoridades da Arábia Saudita e do Bahrein em viagens oficiais que decorreram entre 2019 e 2021.
Ao longo da investigação, a PF reuniu indícios de que alguns desses presentes foram levados do Brasil durante missões oficiais e posteriormente vendidos em lojas nos Estados Unidos.
Segundo a PF, Cid deu instruções aos seus subordinados, entre eles Crivelatti, e utilizou joalherias e leilões virtuais para vender as joias. A investigação mostra que parte do dinheiro foi então transferido para a conta do pai. Segundo os investigadores, o valor iria para o ex-presidente.
Em áudio interceptado pela PF, Cid fala sobre a preocupação de movimentar essa cifra pelos meios convencionais:
“Tenho vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro em espécie. Meu pai até quis ir lá conversar com o presidente (…) E aí ele aguentou. Ele entregaria em mãos. Mas ele também pode depositar na conta (…). Acho que quanto menos movimentação melhor, né?”, diz trecho do áudio atribuído a Cid.
As defesas de Bento Albuquerque, Julio Cesar Vieira Gomes, Marcelo da Silva Vieira, Marcos André dos Santos Soeiro, Osmar Crivelati e Marcelo Costa Câmara não responderam aos contatos da reportagem. O advogado responsável pela defesa de Mauro Cid e de seu pai, Mauro César Lourena Cid, afirma que ainda não teve acesso ao relatório.
Por meio de nota publicada na rede social X (antigo Twitter), Fabio Wajngarten alegou que atuou como advogado e que, portanto, seu indiciamento é uma “afronta jurídica”. Disse ainda que a ação é “arbitrária, injusta e persecutória”.
Também indiciado pela PF, Frederik Wassef afirma que não foi Bolsonaro nem Cid quem lhe pediu para comprar o Rolex. José Roberto Bueno Junior negou participação nos crimes e disse não ter sido informado sobre o indiciamento.
Começar
A PF abriu a investigação em março de 2023, após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que um dos kits de joias apresentados pelos sauditas ficou retido na alfândega do aeroporto de Guarulhos (SP) por não ter sido declarado. Os itens estavam na bagagem de um assessor do Ministério de Minas e Energia. Para tentar recuperar os itens antes da saída de Bolsonaro da Presidência, Cid chegou a mobilizar sua equipe para procurar os objetos, mas sem sucesso.
Após decisão do TCU de que os presentes deveriam ser devolvidos à União e a repercussão negativa do caso, a comitiva de Bolsonaro montou uma operação para recuperar os itens vendidos no exterior. O advogado Frederick Wassef admitiu que recomprou um relógio Rolex nos Estados Unidos, dado pelo governo saudita, em dinheiro, em março de 2023.
A investigação reconstruiu a cronologia do suposto esquema desde o recebimento dos presentes por Bolsonaro, a transferência de itens da coleção presidencial para os Estados Unidos, sua venda naquele país e, por fim, o lançamento da “operação de resgate” para recuperar o objetos. após a descoberta de irregularidades.
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Bolsonaro, Mauro Cid e outros 10 são indiciados pela Polícia Federal por desvio de joias do acervo presidencial; Caberá agora à Procuradoria-Geral da República decidir se apresenta queixa ou pede o arquivamento do processo.
04/07/2024
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