Bolsonaristas denunciam deputada ao Supremo por post sobre “PL dos estupradores”

Bolsonaristas denunciam deputada ao Supremo por post sobre “PL dos estupradores”


Os deputados afirmam que o conteúdo é “difamatório” e que a conduta do parlamentar é “muito grave”

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara

Os deputados afirmam que o conteúdo é “difamatório” e que a conduta do parlamentar é “gravíssima”. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara)

Deputados de Bolsonaro favoráveis ​​ao projeto de lei antiaborto por estupro (PL) protocolaram no Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia-crime contra a parlamentar Fernanda Melchionna (PSOL-RS) por tratar o tema como “PL dos Estupradores” nas redes sociais. A deputada gaúcha afirma que ainda não foi notificada na Justiça.

“Esses são os parlamentares que propuseram o Projeto de Lei dos Estupradores”, relata uma de suas postagens feita no dia 13 de junho, com foto de alguns dos parlamentares que assinaram o projeto.

O documento protocolado na última sexta-feira (14) pelos parlamentares Paulo Bilynskyj (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP), Mario Frias (PL-SP) e Franciane Bayer (Republicanos-RS), pede que a colega apague publicações feitas em suas plataformas.

Os deputados afirmam que os conteúdos são “difamatórios” e que a conduta do parlamentar é “gravíssima”, pois “vincula a atividade parlamentar desenvolvida pelos autores, bem como pelos demais parlamentares citados, como corroborativa e defensiva à prática criminosa de estupro”.

Os cinco proponentes pedem que ela seja responsabilizada pelo crime de calúnia ou difamação e que a pena seja aumentada em um terço, por se tratar de suposto crime contra deputado federal.

A parlamentar afirmou que a denúncia é “ridícula” e “patética”, e reafirma “seu compromisso inabalável com a defesa dos direitos das mulheres, das pessoas que estão grávidas e das vítimas de violência sexual”.

“A máscara cai sobre os chamados defensores da ‘liberdade de expressão’, que na prática querem inviabilizar a punição das fake news e do discurso de ódio, estratégia comum de alguns dos signatários desta ação patética, e silenciar os críticos de sua agenda reacionária contra as mulheres e meninas brasileiras”, diz em nota.

O projeto, de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), passou por tramitação urgente aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada, e ocorreu em apenas 23 segundos. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, foi o responsável pela condução da votação.

Atualmente, a legislação brasileira permite o aborto em três situações: decorrente de estupro, que representa risco à vida da mulher, e anencefalia fetal. Esta última foi permitida em 2012 pelo STF, e as demais estão previstas no Código Penal desde 1940.

O projeto de lei propõe alterar o Código Penal e estabelece pena de 6 a 20 anos de prisão para mulheres que interrompam uma gravidez superior a 22 semanas, mesmo nos casos em que o procedimento seja permitido.