Bancos alertam governo para risco no empréstimo consignado do INSS

Bancos alertam governo para risco no empréstimo consignado do INSS


O teto da folha de pagamento está estagnado em 1,66% ao mês desde junho deste ano.

Foto: Reprodução

O teto da folha de pagamento está estagnado em 1,66% ao mês desde junho deste ano. (Foto: Reprodução)

Por meio de cálculos, representantes dos bancos sinalizaram ao governo federal que o crédito concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) perde viabilidade sem a revisão do teto de juros para aposentados e pensionistas.

O teto da folha de pagamento está estagnado em 1,66% ao mês desde junho deste ano, mesmo com a taxa Selic passando de 10,50% para 12,25% a partir de setembro. Nas taxas de juro futuras, que reflectem o custo do endividamento para empréstimos de longo prazo, o salto foi ainda maior no final deste ano, num contexto de tensão nos mercados após a apresentação do pacote fiscal pelo governo.

Segundo dados do sector bancário apresentados ao Ministério das Finanças e Planeamento, o spread (diferença entre o custo de financiamento e os juros cobrados aos clientes) nos empréstimos concedidos a reformados e pensionistas é actualmente de 0,51%, em média.

Com essa parcela, as instituições financeiras ainda terão que arcar com impostos, custos operacionais e de distribuição, além de fazer provisões em caso de inadimplência. Portanto, em média, a rentabilidade nesta linha é atualmente negativa. Algumas instituições bancárias já suspenderam a oferta do produto através de correspondentes bancários, o que exige um custo adicional de comissão. As regras do Banco Central proíbem a concessão da modalidade quando a margem for negativa.

A lista inclui grandes empresas privadas Santander, Bradesco, Itaú e também Banco do Brasil, além de pequenas e médias empresas, que pagam mais para captar recursos para empréstimos. E executivos do setor apontam que, se nada mudar, em breve terão que interromper a oferta nos seus próprios canais.

O teto do INSS é definido pelo Conselho Nacional de Seguridade Social. Em 2023, o Conselho havia adotado a regra de atualização do teto sempre que houvesse reajuste na taxa básica de juros. Na última reunião, o tema foi debatido, mas a maioria dos vereadores optou por manter o teto. Segundo um interlocutor, o que influenciou essa decisão é que, apesar do aumento da taxa Selic, ainda não houve queda nas concessões, que apresentam padrão semelhante aos anos anteriores. O tema deverá ser discutido novamente na reunião de janeiro.

O conselho é composto por seis membros vinculados ao Ministério da Segurança Social, seis representantes dos trabalhadores e três membros indicados pelos empregadores. O governo e os bancos divergem na análise dos dados do crédito consignado. Enquanto o sistema financeiro considera apenas as novas operações, a Segurança Social contabiliza as operações de portabilidade e de refinanciamento.

Os bancos apontam que as concessões estagnaram nos últimos meses, em níveis inferiores aos de 2022. Dados apresentados pelo setor mostram também que o registro de empréstimos na folha de pagamento caiu 25%, em média, desde julho.

No ano passado, a oferta do produto foi interrompida em bloco, inclusive pelo BB e pela Caixa, depois que o governo decidiu baixar de uma só vez o teto da modalidade de 2,14% para 1,70%. Diante do prejuízo, o governo teve que dar um passo atrás, levando a alíquota para 1,97%. Hoje, o spread de 0,51% já é 30% menor do que naquela época.

Em comunicado, o Ministério da Segurança Social afirmou que as decisões adoptadas são fundamentais para organizar o acesso ao crédito e defender os interesses dos reformados e pensionistas.

“Isto teve um efeito positivo no crédito inicial mais barato e, mais significativamente, na portabilidade e no refinanciamento dos contratos, com condições mais vantajosas do que as anteriormente em vigor”, disse. As informações são do portal de notícias Extra.