Avião da Voepass ficou com asas na vertical e virou ao contrário antes de cair em parafuso

Avião da Voepass ficou com asas na vertical e virou ao contrário antes de cair em parafuso


A última comunicação com o controle de tráfego aéreo e a perda de controle da aeronave ocorreram com menos de um minuto de intervalo.

Foto: Reprodução

A última comunicação com o controle de tráfego aéreo e a perda de controle da aeronave ocorreram com menos de um minuto de intervalo. (Foto: Reprodução)

Os últimos momentos do voo Voepass que caiu com 62 pessoas em Vinhedo (SP), no dia 9 de agosto, foram marcados por movimentos bruscos que deixaram a aeronave com as asas verticais e voltadas no sentido oposto ao da viagem, antes do acidente. .

Condições severas de gelo e uma possível falha no sistema de degelo das asas são as principais hipóteses para o acidente. A informação faz parte do relatório preliminar divulgado nesta sexta-feira (6) pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

A última comunicação com o controle de tráfego aéreo e a perda de controle da aeronave ocorreram com menos de um minuto de intervalo.

Cronologia

O voo decolou às 11h58 de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP). Ainda na subida, às 12h15, o comandante relatou falha no sistema antigelo do avião. O comentário foi registrado pela “caixa preta”. O voo estava previsto para durar uma hora e cinquenta minutos.

Às 13h20, o copiloto disse “muito gelo”. Às 13h20min33s, o controle de tráfego autorizou uma curva para determinada posição no espaço aéreo mantendo 17 mil pés, aproximadamente 5 mil metros de altitude.

Quase imediatamente, às 13h20h39, a tripulação comparou a instrução – procedimento da aviação que consiste em repetir informações para garantir que foram recebidas corretamente. Em menos de dois minutos, o avião estaria no solo, com as 62 vítimas.

Às 13h20min57s, a aeronave virou para a direita, com inclinação de 32 graus. No meio da manobra, ouve-se uma vibração e um alarme de “stall” na gravação da “caixa preta”, o que significa perda de apoio.

A partir daí, os investigadores ainda não sabem se se tratou de uma manobra do piloto ou de alguma reação aerodinâmica do equipamento. Em seguida, o eixo da aeronave girou para a esquerda, inclinado em 52 graus.

Imediatamente, o avião começou a curvar novamente para a direita, mas atingindo uma inclinação máxima de 94 graus. Ou seja, com as asas na posição vertical.

Logo depois, o avião faz uma curva de 180 graus no ar. Em outras palavras, o bico girou na direção oposta ao deslocamento original.

Logo após uma leve subida no “nariz” da aeronave, esta entrou em descida em “rosca plana”, com giros no sentido anti-horário.

Foram cinco voltas em espiral até a colisão com o solo, às 13h22.

O trabalho do órgão ligado à Aeronáutica é preventivo. Portanto, busca descobrir os fatores que levaram ao acidente para prevenir outros. A investigação criminal é realizada pela polícia.

O Cenipa ainda trabalha no relatório final. Outras questões serão analisadas, como “consciência situacional dos pilotos” e gestão de equipes. Segundo informações divulgadas na sexta-feira, a aeronave estava em boas condições, era capaz de voar sob forte gelo e a tripulação tinha treinamento adequado.

Perceber

Em nota, a Voepass Linhas Aéreas reforçou “que está prestando total assistência aos familiares das vítimas neste momento de profunda dor, para garantir que suas necessidades sejam atendidas”. “O relatório preliminar divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) confirma que a aeronave do voo 2283 possuía Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido e com todos os sistemas exigidos em operação”, destacou a empresa.

“Reforça também, como aponta o relatório, que ambos os pilotos conseguiram realizar o voo, com todas as certificações de pilotagem válidas e formação atualizada. Vale lembrar que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tempo para ser conduzido de forma adequada. Somente o relatório final do Cenipa poderá apontar de forma conclusiva as causas do ocorrido”, acrescentou.