As apostas do PT para virar o jogo no Senado em 2026

As apostas do PT para virar o jogo no Senado em 2026


Com dois terços da Câmara em jogo, o Planalto articula uma “frente ampla” para aumentar a base e bloquear o avanço de Bolsonaro. (Foto: Divulgação)

Após as eleições municipais, das quais a centro-direita saiu vitoriosa no comando de mais de 80% das prefeituras, as lideranças políticas de Brasília voltam as atenções para a corrida eleitoral para 2026. No caso do Senado, 54 das 81 cadeiras estarão em jogo, ou dois terços das vagas, duas para cada estado, com mandatos previstos para durar até 2034.

Como mostra reportagem da revista Veja, o governo federal já traça, nos bastidores, uma “frente ampla” com o Centrão com candidatos capazes de barrar o avanço do bolsonarismo – ala que já controla a segunda maior bancada do Senado e tem nomes fortes nas urnas. para expandir sua base. A ideia é lançar nomes que, mesmo fora do campo ideológico da esquerda, sejam vistos como mais “democráticos” e alinhados, pelo menos oportunamente, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos Estados, a disputa envolverá estratégias diferentes para cada campo de batalha, o que inclui o favorecimento de candidaturas de centro e de direita em detrimento das próprias fileiras petistas. É o caso do Rio Grande do Sul, onde o partido pode endossar o governador Eduardo Leite (PSDB), que não poderá concorrer à reeleição para o Executivo, e desistir de lançar Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação e um aliado próximo de Lula. O cálculo é que o tucano, embora crítico ao governo federal, tenha mais potencial para atrair votos da direita e bloquear um rival de Bolsonaro —como o ex-deputado federal Onyx Lorenzoni (PL), que derrotou nas eleições estaduais de 2022.

Outra possível manobra arriscada do PT é tentar chegar a acordos com chefes centrais que, tradicionalmente, são rivais políticos nos seus próprios redutos. O cenário poderá se concretizar em Alagoas, com apoio simultâneo à reeleição de Renan Calheiros (MDB) e a estreia de Arthur Lira (PP), atual presidente da Câmara dos Deputados – inimigos notórios, os dois caciques disputam o favor de o eleitorado alagoano ao mesmo tempo em que busca, cada vez mais, enraizar a influência dos partidos na Esplanada dos Ministérios.

Ministros nas urnas

Pelo menos dois ministros do atual governo Lula são cotados para ampliar a base de governo no Senado em 2026: Carlos Favaro (PSD), da Agricultura, e Silvio Costa Filho (Republicanos), de Portos e Aeroportos. Senador licenciado pelo Mato Grosso, Favaro é fiador do governo federal petista junto ao agronegócio e tem bom diálogo com os produtores rurais. Costa, por sua vez, representará um teste de força do PT em Pernambuco, histórico reduto lulista, com nome não filiado ao partido do presidente.

Para disputar um cargo em São Paulo, o nome de Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República e ministro da Indústria, circula entre setores do governo federal – ex-governador do estado por quatro mandatos, o o ex-tucano é bem visto pelo setor empresarial e conta com a confiança do próprio Lula. A candidatura, porém, enfrenta resistências internas – para os interlocutores do Planalto, ao deixar o PSDB abraçar o lulismo após décadas de oposição ao PT, Alckmin pode ter enterrado sua popularidade entre o eleitorado paulista.