Após cadeirada, Datena e Pablo Marçal crescem nas redes sociais, e rivais monitoram reação do eleitorado

Após cadeirada, Datena e Pablo Marçal crescem nas redes sociais, e rivais monitoram reação do eleitorado


Datena (E) conquistou 40 mil seguidores; as campanhas detectam um possível efeito “positivo” em parcelas do eleitorado refratária ao ex-técnico (D). (Foto: Reprodução)

O candidato a prefeito de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) conquistou 40 mil novos seguidores nas redes sociais após agredir seu rival Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeira no debate organizado pela TV Cultura neste domingo (15), segundo pesquisa pela consultoria Digital Bites.

O episódio também fez disparar os números de Marçal, que conquistou 400 mil novos seguidores – dez vezes mais que o tucano. Somente no Instagram, sua base de apoiadores variou 8,2%. Os números foram computados pelo Bites no início da tarde desta segunda-feira (16).

Apesar da diferença entre as rivais, o crescimento de Datena nas redes é significativo porque o cenário digital representa um calcanhar de Aquiles para sua campanha. O apresentador de TV tem um dos mais baixos índices de popularidade digital entre os candidatos à disputa pela prefeitura de São Paulo.

A tendência parece alinhar-se com a avaliação da campanha de um dos concorrentes do tucano, cujos grupos focais detectaram que o episódio poderia trazer dividendos políticos para parcelas do eleitorado que não conseguem mais tolerar as provocações de Marçal.

Nesses grupos, criados para acompanhar em tempo real o debate da TV Cultura, alguns eleitores chegaram a considerar que Marçal fez uma “cena” contra Datena, visto como “herói” em um dos grupos.

O neotucano agrediu o ex-técnico após uma série de provocações a respeito de uma acusação de assédio sexual que acabou rejeitada pela Justiça. O candidato do PRTB chegou a chamá-lo de “jack”, gíria para estuprador em penitenciárias. Pouco antes do ataque, Marçal lembrou que o rival quase o atacou no debate TV Gazeta/MyNews do dia 1º e insinuou que Datena “não seria homem” o suficiente para fazê-lo. Foi quando o candidato do PSDB jogou uma cadeira contra o concorrente do PRTB.

Datena aparece com 6% de intenção de voto na pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (12), ficando em quinto lugar na disputa, atrás dos prefeitos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), Marçal e Tabata Amaral (PSB). Em agosto, o apresentador de TV empatou com o ex-técnico no terceiro lugar em pesquisa do mesmo instituto.

As consequências da agressão a Pablo Marçal no comportamento do eleitorado ainda são desconhecidas – a próxima leva de pesquisas será divulgada a partir desta quarta-feira (18), com Genial/Quaest, seguida por Datafolha (quinta-feira, 19) e Paraná Pesquisas ( sexta-feira, 20).

Tanto Marçal quanto Datena estão entre os candidatos mais rejeitados na disputa. O ex-técnico lidera neste momento, com 44% dos entrevistados afirmando que não votariam nele em hipótese alguma. O tucano tem 32% de rejeição, atrás apenas de Boulos (37%).

A cadeira de Datena também representou uma janela de oportunidade para Marçal reverter – ou, pelo menos, apaziguar – o índice negativo, que vinha crescendo consideravelmente nas últimas projeções dos institutos de pesquisa. Além disso, o candidato do PRTB caiu três pontos percentuais nas intenções de voto em relação ao Datafolha da semana anterior, enquanto Nunes e Boulos cresceram cinco e dois pontos percentuais, respectivamente.

Por isso, o ex-técnico explorou quase imediatamente a agressão nas redes sociais e até comparou-a ao esfaqueamento sofrido por Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018 e ao ataque a tiro sofrido pelo ex-presidente americano Donald Trump em julho passado. . Após abandonar o debate e se internar em um hospital, Marçal anunciou que pedirá o impeachment do tucano.

Os dados dos grupos focais, no entanto, abrem a possibilidade de que o candidato seja bem recebido por um segmento do eleitorado que não votaria no candidato do PRTB, mas estava pensando em votar em outro candidato que não Datena.

Nessa batalha de rejeições, só a reflexão do episódio e do tempo poderá indicar se a agressão terá algum efeito positivo ou negativo sobre Datena e Marçal na prova paulista. A informação é da coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.