Agronegócios: Banco do Brasil vê melhora no campo e espera emprestar R$ 260 bilhões ao setor

Agronegócios: Banco do Brasil vê melhora no campo e espera emprestar R$ 260 bilhões ao setor


Luiz Gustavo Braz Lage é Vice-Presidente de Agronegócio do Banco do Brasil. (Foto: Divulgação)

Após um início de colheita mais fraco, devido a fatores relacionados ao clima e ao mercado que pesaram nas margens dos produtores na safra 2023/24, o Banco do Brasil atingiu R$ 100 bilhões em desembolsos de crédito rural, emissões de títulos do setor e outros financiamentos vinculados à cadeia do agronegócio entre julho e primeira quinzena de novembro.

Até junho de 2025, a instituição espera investir R$ 260 bilhões em empréstimos ao setor e se mantém, com folga, na liderança desse mercado. O número é 13% superior ao divulgado até o mesmo mês de 2024.

A expectativa é que a partir de agora haja uma inflexão no desempenho dos empréstimos ao setor agropecuário, com um cenário de reacomodação do mercado e uma situação mais promissora pela frente, já em 2025, disse Luiz Gustavo Braz Lage, vice-presidente do BB Agronegócio e Agricultura Familiar, em entrevista exclusiva ao Valor.

O BB admite que o ambiente no campo foi mais desafiador este ano, com aumento da inadimplência para níveis quase históricos (1,97%) e aumento do risco associado ao setor, mas prevê melhorias à frente. O otimismo se baseia nas estimativas de safra recorde — apesar do atraso inicial no plantio da soja —, na recuperação das margens de algumas cadeias afetadas pela seca deste ano, como soja e milho, e no fortalecimento de outras, como a pecuária, que detém 40% da carteira de agronegócio do banco e vive um período de valorização da arroba do boi.

Segundo Lage, a diversificação do público atendido, em termos de cadeia produtiva e localização, permite espalhar o risco e ampliar a presença no setor. A carteira do agronegócio do BB cresceu 13,7% até setembro deste ano, para R$ 386,6 bilhões, e pode encerrar 2024 perto de R$ 400 bilhões.

Para isso, o banco avaliou o risco e reconquistou clientes num momento de “desaceleração” do mercado financeiro, quando “aventureiros” abandonam a atividade e mesmo instituições fortes pisam no freio e não ampliam seu portfólio. A gestão da base de dados e a proximidade com o campo fizeram a diferença. “É um crédito mais assertivo, temos uma carteira resiliente e diversificada, e uma gestão prudente”, destacou o executivo.

Felipe Guimarães Geissler Prince, vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos do banco, disse, na entrevista, que a saída de alguns agentes financeiros do mercado abre novas possibilidades para o banco. “Não há como dizer que não há oportunidade num setor cujo PIB está projetado para crescer 5% em 2025 e onde as lavouras têm um cenário muito promissor”, afirmou.

Plano de colheita

O BB reconhece que o desembolso do crédito rural pelas linhas tradicionais do Plano Safra é mais lento, mas diz que o movimento é compensado, em parte, pela emissão de Certidões de Produto Rural (CPR), que aumentou 33% no primeiro trimestre de este ciclo. O saldo desses títulos no banco ultrapassou R$ 30 bilhões em setembro.

Segundo dados do Banco Central, a queda nas liberações do Banco do Brasil é de 15%, passando de R$ 79,2 bilhões para R$ 67,1 bilhões entre julho e outubro em relação ao mesmo período da safra passada. O recuo é menos intenso que a média geral. Por outro lado, o movimento beneficiou o BB, que ampliou sua participação no segmento, de 39% para 44% no quadrimestre.

“O banco teve uma queda, mas muito menor que o sistema como um todo. Houve atraso no lançamento do plano, os produtores estão mais cautelosos na tomada de crédito. Antes a atitude do produtor era garantir a contratação antes da colheita, com antecedência, e agora eles esperaram. A chuva demorou e há menos demanda por investimentos”, relatou Lage.

Ele disse, porém, que o ritmo já melhorou nas primeiras semanas de novembro, com desempenho 9% acima do mesmo mês do ciclo 2023/24, focado no crédito para pequenos e médios produtores.

A ampliação da participação do BB na aplicação de recursos equalizáveis, que recebem subsídios do Tesouro Nacional, também ajudou a recuperar posições. Com a Selic subindo, já em 11,25% ao ano, o cenário pode ser ainda mais interessante. Dos R$ 60 bilhões que a instituição recebeu como limite do governo para emprestar recursos com juros subsidiados entre 3% e 11,5% no Plano Safra 2024/25, cerca de 48% ainda estão disponíveis e farão diferença nos próximos meses, eles apontaram. Executivos do BB. As informações são do Globo Rural.