Advogado de Bolsonaro dá nova versão para defesa e diz que ex-presidente seria traído por militares

Advogado de Bolsonaro dá nova versão para defesa e diz que ex-presidente seria traído por militares


Segundo Paulo Cunha Bueno, um golpe de Estado não beneficiaria seu cliente.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Segundo Paulo Cunha Bueno, um golpe de Estado não beneficiaria seu cliente. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O criminalista Paulo Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em entrevista à GloboNews, nesta sexta-feira (29), que o maior beneficiário de um golpe de Estado não seria o ex-líder palaciano, mas sim uma junta militar . Segundo ele, Bolsonaro seria traído pelos militares envolvidos na trama golpista.

“Quem seria o maior beneficiário? Segundo o plano do general Mário Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo, e esta junta não incluía o presidente Bolsonaro. Não tem o nome dele lá, ele não se beneficiaria com isso. Não é uma ilusão da minha parte. Isso está textualizado lá. Quem assumiria o governo se esse plano terrível, que nem aconteceria na Venezuela, se concretizasse, não seria Bolsonaro, seria esse grupo”, afirmou.

Um documento apreendido de Fernandes, que foi ex-secretário executivo da Presidência do governo Bolsonaro, previa o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022, por envenenamento ou “uso de produtos químicos para causar colapso orgânico”, considerando a vulnerabilidade de saúde do petista e as frequentes visitas aos hospitais. Ele, outros três militares das Forças Especiais do Exército e um agente da PF foram presos na semana passada pela trama golpista.

O relatório final sobre a suposta tentativa de golpe criada durante o governo do ex-presidente, que o indicia e outras 36 pessoas por crimes que, somados, podem chegar a 28 anos de prisão, aponta que Bolsonaro sabia do plano para matar o atual presidente, seu deputado e ministro do Supremo Tribunal Federal. O advogado negou, dizendo que a trama assassina “nunca chegou ao seu conhecimento”.

Bueno também declarou que seu cliente seria traído pelos militares porque não aceitaria o golpe. Por isso, segundo o advogado, o ex-presidente não tinha obrigação de denunciar a tentativa e que “é credível que as pessoas o tenham abordado com todo o tipo de propostas”.

O criminalista também descartou a possibilidade de prisão do ex-presidente. Na opinião de Bueno, “não faria sentido que existisse qualquer tipo de prisão”.

“O que espero em primeiro lugar é que o meu cliente seja julgado pelo tribunal competente, por juízes imparciais e não por inimigos pessoais. Isso é o mínimo que um acusado, eventualmente, tem direito de ter”, disse.

Alterando versões

Quando foram divulgadas as informações sobre seu indiciamento, Bolsonaro reagiu nas redes sociais, afirmando que não poderia “esperar nada de uma equipe que usa a criatividade” para denunciá-lo, além de atacar o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

“O ministro Alexandre de Moraes conduz toda a investigação, ajusta depoimentos, prende sem reclamar, faz pesca probatória e tem assessoria muito criativa”, disse, a respeito do relator do inquérito que apura o envolvimento de Bolsonaro na trama golpista. Segundo ele, o ministro “faz tudo o que a lei não manda”.

Porém, na conferência de imprensa que concedeu na última segunda-feira, dia 25, quando falou pela primeira vez sobre a acusação, o ex-presidente afirmou que nunca discutiu a possibilidade de dar um golpe de Estado, mas que estudou “todos os medidas possíveis dentro das quatro linhas”, além de afirmar que “ninguém dá golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais”.

Bolsonaro afirmou ainda que a palavra golpe “nunca esteve” em seu dicionário. “Eu não faço e nunca faria nada fora das quatro linhas.” Para ele, “é possível resolver os problemas do Brasil dentro da Constituição”. (AE)