Advocacia-Geral da União pede investigação da Polícia Federal após fake news envolvendo novo presidente do Banco Central

Advocacia-Geral da União pede investigação da Polícia Federal após fake news envolvendo novo presidente do Banco Central


A AGU também pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que investigue as postagens com informações falsas.

Foto: Diogo Zacarias/Ministério das Finanças

A AGU também pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que investigue as postagens com informações falsas. (Foto: Diogo Zacarias/Ministério das Finanças)

A Advocacia-Geral da República (AGU) acionou a Polícia Federal nesta quarta-feira (18) para apurar notícias falsas publicadas nas redes sociais sobre o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Segundo a AGU, as notícias falsas prejudicaram as ações do governo para conter o preço do dólar, que disparou nos últimos dias.

O material falso atribuiu a Galípolo a seguinte afirmação: “A moeda do Brics nos protegeria da influência extrema que o dólar exerce no nosso mercado”. Disse ainda que Galípolo chamou o dólar de “moeda americana” e que previu um preço de R$ 5. Nesta quarta, o dólar subiu de R$ 6,20, recorde histórico.

“A desinformação, ao interferir diretamente na percepção do mercado, comprometeu a efetividade da política pública federal de estabilização cambial, evidenciando o elevado potencial nocivo dos boatos neste contexto”, escreveu a AGU em nota.

A AGU também pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que investigue as postagens com informações falsas.

“Sabe-se que existe uma relação direta entre o preço da moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos títulos negociados em bolsas de valores, tanto que a recente valorização da moeda americana foi acompanhada de uma queda na quantidade de títulos negociados no mercado de capitais”, escreveu a AGU à PF.

Aumento do dólar

O dólar fechou em forte alta nesta quarta-feira (18) e bateu mais um recorde de câmbio: R$ 6,2672. Com alta de 2,82%, é o maior aumento percentual desde 10 de novembro de 2022 (4,10%).

A moeda brasileira continua derretendo à medida que as expectativas do mercado financeiro pioraram com o desenho do pacote de cortes de gastos enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional.

Na noite desta terça, as primeiras medidas começaram a ser aprovadas pelos parlamentares: a Câmara dos Deputados aprovou o texto que proíbe a ampliação de benefícios fiscais quando as contas públicas tiverem desempenho negativo.

Além disso, quando o governo regista um défice primário (situação em que as despesas são superiores ao dinheiro arrecadado), a proposta aprovada ativa um “gatilho” que limita o aumento dos gastos do governo com pessoal.

A expectativa é que a Câmara vote nesta quarta-feira outros pontos centrais do pacote de corte de gastos, como mudanças na regra do salário mínimo e abonos salariais. Depois, as propostas seguem para o Senado.

Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas de controle da dívida pública, e as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico consolidaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.

Para tentar frear a alta do dólar, o Banco Central fez uma ampla intervenção nesta terça-feira com leilões de moedas no mercado de câmbio, mas sem sucesso. O objetivo dos leilões é aumentar a oferta de dólares disponíveis – o que, em tese, faz com que o preço caia.