A pedido do Ministério da Justiça, Polícia Federal irá apurar caso de imigrante que morreu após passar mal em aeroporto de São Paulo

A pedido do Ministério da Justiça, Polícia Federal irá apurar caso de imigrante que morreu após passar mal em aeroporto de São Paulo


Evans Osei Wusu, 39 anos, fazia parte do grupo que ficou preso no aeroporto de Guarulhos, aguardando refúgio. (Foto: arquivo pessoal)

A Polícia Federal (PF) afirmou nesta sexta-feira (13) que vai investigar o caso do imigrante Evans Osei Wusu, de 39 anos, que morreu após passar mal no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

A investigação atende a pedido feito pelo Ministério da Justiça e Segurança à Diretoria de Polícia Administrativa da Polícia Federal na última terça-feira (10). Até então, a PF havia informado que não havia espaço para investigação do órgão, destacando que se houvesse investigação, ela seria realizada apenas pela Polícia Civil.

Em ofício, o secretário nacional da Justiça, Jean Keiji Uema, solicitou “a adoção das medidas necessárias à investigação dos fatos no âmbito das competências da Polícia Federal”.

Nesta sexta-feira, foi aberto um processo investigativo, informou a PF. “Informamos que, a pedido do MJSP, a PF, por meio de procedimentos investigativos, trabalhará para esclarecer os fatos que precederam e posteriormente levaram à morte do imigrante, cidadão de Gana”, afirmou o órgão, em uma nota.

A família relatou que ele pediu ajuda e enfrentou dificuldades para receber ajuda. A certidão de óbito de Evans afirma que o ganense morreu de uma infecção generalizada, após uma infecção inicial do trato urinário.

A Polícia Civil abriu inquérito na última sexta-feira (6) para apurar a morte de Evans. A investigação está sendo conduzida pela Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur). Na quinta-feira (12), a Secretaria de Segurança Pública afirmou que estão sendo realizadas investigações e audiências.

“O caso é investigado pela 3ª Deatur (Delegacia do Aeroporto de Guarulhos). Investigações e audiências estão em andamento para esclarecer os fatos. A unidade permanece à disposição da família ou do representante legal.”

No dia 6, a Comissão Mista Permanente de Migrações Internacionais e Refugiados do Congresso Nacional enviou ofício ao Ministério da Justiça solicitando informações sobre as circunstâncias da morte do imigrante.

O documento foi assinado pela senadora Mara Gabrilli, pelo deputado Túlio Gadelha e pelo senador Paulo Paim.

O Ministério Público Federal também abriu boletim de ocorrência sobre a morte. No prazo de 30 dias, o órgão decidirá se será instaurada uma investigação ou se será arquivada.

Vídeos obtidos com exclusividade pela TV Globo e pelo portal g1 mostram o momento em que o imigrante Evans Osei Wusu foi atendido por uma equipe de saúde e levado a um hospital.

As imagens são do dia 11 de agosto. Neles, é possível ver Evans sentado sem camisa na área restrita para imigrantes, quando as autoridades de saúde chegam ao local e vão em sua direção.

Um grupo de imigrantes, ao ver a equipe, fica ao redor dos profissionais e conversa com eles. O diálogo não pode ser ouvido. Em seguida, os funcionários colocam Evans em uma cadeira de rodas e saem da área restrita com ele. O imigrante foi levado ao Hospital Geral de Guarulhos. Sua morte foi registrada em 13 de agosto, dois dias depois de sua internação no hospital.

A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ao ser questionada se abriria uma investigação sobre as circunstâncias da morte de Evans, disse, em nota, “que os passageiros que aguardam o processo de admissão no país pelo A Polícia Federal fica sob os cuidados das Companhias Aéreas até sua conclusão”.

Informou ainda que, “no dia 08/11, a equipe de atendimento de urgência/emergência do Aeroporto, ao ser acionada, prestou atendimento imediato e encaminhou o passageiro ao Hospital Geral de Guarulhos”.

A companhia aérea Latam afirmou “lamentar profundamente o ocorrido e solidarizar-se com a família de Evans Osei Wusu”.

“No dia 11 de agosto de 2024, o passageiro passou mal e a LATAM solicitou atendimento ao serviço médico do aeroporto de Guarulhos. Posteriormente, acompanhou a remoção e internação do passageiro no Hospital Geral de Guarulhos, e contatou as autoridades brasileiras responsáveis ​​e as autoridades ganenses no Brasil”, afirmou.

“Em Guarulhos, vale lembrar, a LATAM está oferecendo assistência aos passageiros que embarcaram em seus voos, desembarcaram no aeroporto para conexão e decidiram não prosseguir viagem até o destino final, solicitando refúgio no Brasil à Polícia Federal. Paralelamente, a empresa mantém diálogo permanente e continuará colaborando com as autoridades brasileiras. A LATAM reconhece o compromisso das autoridades brasileiras no enfrentamento das questões humanitárias e seu importante papel no cenário local e internacional”, finaliza.